Em Barcelona, capital da região da Catalunha e uma das cidades mais importantes e conhecidas da Espanha, pelo menos 17 igrejas evangélicas estão sob ameaça de fechamento devido aos planos de desenvolvimento urbano estabelecidos pelo governo local.
Algumas igrejas já receberam notificações das autoridades locais sobre a necessidade de realocação devido ao fechamento iminente.
Outras foram informadas durante uma recente reunião promovida pelo Conselho Evangélico da Catalunha (CEC), que manifestou sua preocupação com a decisão, ressaltando que ela “poderia deixar milhares de fiéis sem um espaço para culto”.
Em carta enviada às igrejas pelo Conselho Evangélico da Catalunha, o órgão evangélico reafirmou seu “compromisso em proteger os direitos das igrejas e buscar soluções”.
Guillem Correa, secretário executivo da CEC, revelou ao Protestante Digital que, em sua reunião inicial com o prefeito de Barcelona, conseguiu transmitir a preocupação dos evangélicos quanto ao risco de perderem seus espaços de culto.
‘As igrejas estão sofrendo’
Até o momento, as autoridades de Barcelona sugeriram à “maioria das igrejas” o fechamento das instalações atuais e a realocação para novos locais. No entanto, Correa espera que seja realizada uma análise individualizada para determinar a melhor solução em cada caso.
“As igrejas estão sofrendo, pois todas terão que se realocar, o que implica em situações difíceis. Muitas pessoas estão jejuando e orando em busca da melhor solução possível”, destaca o secretário executivo do CEC.
O órgão evangélico admite que “é difícil, porque, sendo um plano metropolitano, não sabemos se eles têm margem para agir, mas eles possuem margem para oferecer apoio, e é nisso que vamos nos apoiar”.
“Na próxima reunião, solicitaremos medidas extraordinárias, pois estamos enfrentando uma situação excepcional. Não podemos deixar 15 ou 20 igrejas sem um local para culto”, conclui Correa.
Enquanto isso, a Câmara Municipal de Barcelona afirmou que “o Gabinete de Assuntos Religiosos, vinculado à Direção Municipal de Interculturalidade, oferecerá suporte e orientação às comunidades que solicitarem ajuda, auxiliando-as a assegurar que as potenciais instalações para novos locais de culto atendam às normas necessárias para a obtenção da licença.”
Edifícios adaptados
No bairro de Sant Andreu, tradicionalmente conhecido como uma área industrial, diversas igrejas evangélicas estão situadas principalmente em armazéns ou edifícios adaptados para serem usados como espaços de culto.
Algumas dessas propriedades foram adquiridas pelas congregações, enquanto outras são alugadas. Todas, entretanto, estão diretamente impactadas pelos planos de reorganização metropolitana, que incluem a expansão da estação ferroviária e a reconfiguração completa da região.
De acordo com fontes municipais ouvidas pelo site de notícias espanhol Protestante Digital, desde dezembro de 2024, onze locais de culto foram inspecionados, após terem sido notificados sobre sua situação irregular em outubro.
As autoridades locais explicam que diversos locais de culto operam “sem licença de atividade”, pois, de acordo com as normas de desenvolvimento urbano do Plano Geral Metropolitano, o uso de terrenos industriais para atividades religiosas não é permitido. Assim, a Câmara Municipal não possui registro das condições de segurança dessas instalações.
Disposição ao diálogo
A Câmara Municipal, por meio do Gabinete de Assuntos Religiosos, mostrou abertura para colaborar, e a CEC reconheceu com gratidão a “disposição ao diálogo” exibida pelas autoridades locais.
Correa confirmou que uma reunião está prevista para breve, na qual ele espera contar com a presença do gerente distrital e do comissário de assuntos religiosos do conselho municipal.
Nesta reunião, o conselho evangélico pedirá duas coisas.
“Primeiramente, uma moratória pelo maior tempo possível para dar tempo de adaptação, para que as igrejas possam tomar medidas corretivas para se atualizarem legalmente ou encontrarem um lugar para se mudarem”.
Em segundo lugar, as igrejas evangélicas pedirão “ajuda econômica para que as igrejas sejam prejudicadas o mínimo possível”.
A CEC também acompanhará as igrejas e as aconselhará “pastoral e legalmente”.
“Entendemos que o caso afeta a liberdade de culto, e o que caracteriza o exercício desse direito é que as pessoas podem se reunir no local de culto durante toda a semana. Sem isso, não há liberdade religiosa e nem vida comunitária”, alerta Correa.
Fontes municipais consultadas pelo Protestante Digital confirmaram que a reunião está agendada para “as próximas semanas”.
Nela, “será apresentado um relatório das ações realizadas” e haverá disposição para colaborar na busca de uma solução que beneficie ambas as partes.
