Corpos de 70 cristãos foram encontrados decapitados dentro de uma igreja protestante na República Democrática do Congo (RDC) no último final de semana.
Segundo a Missão Portas Abertas, as vítimas foram sequestradas de suas casas na aldeia de Mayba, na província de Kivu do Norte, mantidas reféns no templo por vários dias e assassinadas por militantes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo terrorista ligado ao Estado Islâmico.
Fontes locais relataram que, na madrugada da última quinta-feira (13), extremistas do ADF chegaram à vila de Kasanga e ordenaram que os moradores saíssem de suas casas sem fazer barulho. Vinte homens e mulheres cristãs obedeceram e foram levados pelos militantes. Mais tarde, moradores da região tentaram localizar o cativeiro e libertar os cristãos, mas os terroristas retornaram, cercaram a vila e sequestraram outras 50 pessoas.
No total, os 70 cristãos raptados foram levados para uma igreja na cidade de Kasanga, onde foram brutalmente assassinados.
Vianney Vitswamba, coordenador do comitê de proteção da comunidade local, confirmou a tragédia, afirmando que “70 corpos foram descobertos na igreja. Eles foram amarrados perto da localidade de Mayba.” Algumas famílias das vítimas ainda não conseguiram enterrar seus entes queridos devido à falta de segurança na região. Antes mesmo do ataque, escolas, igrejas e centros de saúde já haviam sido fechados por conta da violência generalizada e da instabilidade em Kivu do Norte. Muitos cristãos fugiram da área em busca de segurança.
Diante do massacre, um líder da Igreja CECA20 expressou a angústia da comunidade: “Não sabemos o que fazer ou como orar; estamos fartos de massacres. Que somente a vontade de Deus seja feita.”
A Missão Portas Abertas condenou o ataque e cobrou providências das autoridades para proteger os cristãos na região. John Samuel, especialista jurídico da missão na África Subsaariana, fez um apelo urgente às sociedades civis, governos e organizações internacionais para que priorizem a proteção dos civis no leste do Congo, onde grupos armados como a ADF estão operando.
Ele ressaltou que a violência na região ocorre em um contexto de impunidade, no qual quase ninguém é responsabilizado pelos crimes cometidos. “Este massacre é um indicador claro de violações generalizadas dos direitos humanos contra civis e comunidades vulneráveis, muitas vezes visando cristãos, perpetradas pela ADF”, afirmou Samuel.
A crise humanitária no nordeste do Congo tem sido agravada pelos conflitos entre os grupos terroristas ADF e M23 contra as forças do governo. Desde 2014, a ADF intensificou seus ataques na área, matando apenas no mês passado mais de 200 pessoas em Baswagha. Em 2024, a violência forçou o deslocamento de cerca de 10 mil pessoas, deixando várias vilas cristãs completamente desertas. De acordo com dados da Portas Abertas, 355 cristãos já foram mortos neste ano por causa de sua fé.
Diante desse cenário alarmante, John Samuel fez um apelo à comunidade cristã internacional para que continue em oração pelos cristãos e comunidades vulneráveis no leste da RDC.
A República Democrática do Congo ocupa a 35ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas, que classifica os países onde os cristãos enfrentam maiores perseguições por sua fé.
Folha Gospel com informações de Guia-me e Portas Abertas