Após 20 anos servindo no ministério integral, o pastor e autor Leandro Vieira está apelando à Igreja brasileira que viva o cristianismo verdadeiro.
Em entrevista ao Guiame, Leandro falou sobre seu novo livro “O Evangelho Completo”, lançado pela Editora Vida, e sobre a necessidade dos cristãos se voltarem à Bíblia para entender a fé genuína.
“Percebi a carência que os evangélicos no Brasil têm de compreender o que é o Evangelho, a mensagem central das Escrituras”, afirmou o autor.
“A Igreja evangélica brasileira é um dos maiores campos missionários do país. Temos tudo no meio dela, mas pouquíssimo Evangelho”, diagnosticou.
Para o pastor, existe uma tendência de apresentar apenas partes do Evangelho, deixando de lado a mensagem completa.
“Por exemplo, alguns afirmam apenas deliberadamente o amor de Deus, outros falam apenas do caráter santo e justo de Deus”, comentou.
Assista a entrevista completa:
Viver pelas lentes do Evangelho
Essa atitude acaba fragmentando a mensagem bíblica e criando vários outros evangelhos, conforme Leandro.
Ele ressaltou que existe apenas um Evangelho: “Há três grandes capítulos do Evangelho: Evangelho da Graça, Evangelho do Reino e Evangelho Eterno. O Evangelho da Graça nos ensina como Deus salva. O Evangelho do Reino nos ensina porque Deus salva. E o Evangelho Eterno, expressão que vai aparecer lá no livro de Apocalipse, nos ensina o que Deus salva. Não são três evangelhos, é apenas um Evangelho”.
Vieira exortou os cristãos a viveram todo o Evangelho. “Viver o evangelho completo é ler o mundo, não a partir do espírito da época em que estamos inseridos, mas a partir das lentes do Evangelho”, ensinou.
O autor explicou que a Bíblia é organizada em quatro grandes movimentos: criação, queda, redenção e consumação. “São os quatro grandes movimentos de Deus na história”, disse.
“O Evangelho precisa voltar urgentemente aos púlpitos”
Na visão do pastor, a maior urgência da Igreja brasileira hoje em relação à mensagem do Evangelho é conhecer a Bíblia.
“É extremamente urgente que os cristãos tenham a capacidade de ler a existência a partir das lentes do Evangelho, identificando: criação, queda, redenção, consumação. Precisamos voltar para a Palavra de Deus uma vez mais”, defendeu.
O problema do analfabetismo bíblico entre os cristãos inicia no tipo de pregação que os líderes ministram, de acordo com Leandro.
“Infelizmente, hoje, grande parte dos pastores, especialmente os da nova geração, da minha faixa etária, dos quarenta e tantos anos, não se debruçam nas Escrituras. Eles pregam mensagens de encorajamento, de autoajuda, mensagens muitas vezes tão somente terapêuticas”, criticou.
“O Evangelho precisa voltar urgentemente para os púlpitos. Há muitos ministérios e pastores fiéis no Brasil. É importante dizer: a grande maioria deles está fora da grande mídia. Contudo, aqueles que têm larga escala de alcance – em sua maioria, não todos obviamente — já perverteram o Evangelho, o tornando em um meio de conseguir seus interesses”, acrescentou.
Fé sequestrada por projetos políticos
O pastor ainda observou que uma das principais distorções que o Evangelho sofre hoje é o uso do cristianismo por ideologias políticas para promover suas bandeiras.
“O Evangelho fica sendo sequestrado, ora por uma postura conservadora, ora por uma postura progressista. Então se cria um outro evangelho, como por exemplo, temos visto nos últimos pleitos eleitorais do Brasil, e provavelmente veremos nos próximos também”, avaliou Vieira.
Ele alertou que muitos cristãos se deixam levar por ventos de doutrinas e homens astutos. “Como não conhecemos as Escrituras, não entendemos o Evangelho como um todo, nós ficamos sendo massa de manobra e levados de um lado para o outro”, afirmou.
Defendendo uma reforma na Igreja brasileira, o pastor Leandro encorajou os evangélicos a focarem no Evangelho verdadeiro.
“O conservadorismo empresta valores da fé cristã, o progressismo sequestra, mas nenhuma dessas visões é o Evangelho”, enfatizou.
“Então, é extremamente importante identificar como as ideologias sociopolíticas estão escravizando a Igreja e usando a Igreja gloriosa do Senhor como massa de manobra para seus projetos políticos”, concluiu o autor.
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