Imagens de câmeras corporais mostram que homem foi morto após se render; moradores reagiram com protestos, incêndios e depredações na zona sul de São Paulo.
Dois policiais militares foram presos em flagrante por homicídio doloso: quando há intenção de matar, após a morte de um homem na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, na noite de quinta-feira (10). Segundo a Polícia Militar, as imagens das câmeras corporais dos agentes mostraram que a vítima foi executada após se render, contrariando os protocolos de atuação e as excludentes de ilicitude.
A vítima foi identificada como Igor Oliveira de Moraes Santos. Conforme a corporação, ele não possuía antecedentes criminais como adulto, embora tivesse um ato infracional registrado quando era adolescente.
A operação policial, desencadeada com base em denúncias sobre a presença de armamento pesado na região, terminou com um morto e três presos. Segundo a PM, houve confronto entre policiais e suspeitos, mas nenhum agente ficou ferido. Ao todo, foram apreendidos duas pistolas, um revólver, sete carregadores de pistola, drogas, celulares e dinheiro.
Revolta e violência após a operação
Logo após a operação, Paraisópolis entrou em ebulição. Moradores e manifestantes bloquearam ruas, atearam fogo em objetos e soltaram fogos de artifício. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenas de pânico: carros particulares foram incendiados, ônibus atacados e motoristas obrigados a abandonar os veículos sob ameaça. Há também registros de depredação de lojas e residências nos arredores da favela, incluindo bairros vizinhos.
A PM confirmou que os protestos se espalharam pela região e informou que reforçou o policiamento para tentar conter a onda de violência. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não se pronunciou oficialmente sobre os desdobramentos da operação e os atos de vandalismo.
Prisão dos policiais
Os dois PMs envolvidos foram presos em flagrante e responderão por homicídio doloso. A própria corporação reconheceu que a ação violou os protocolos legais, e as imagens das câmeras corporais devem embasar o inquérito, que agora será acompanhado pelo Ministério Público.
A prisão dos policiais ocorre em um momento de intenso debate sobre o uso da força pela PM em comunidades periféricas. Organizações de direitos humanos cobraram investigação rigorosa e acompanhamento da Corregedoria da PM. Já representantes da corporação reforçam que atos isolados não representam a instituição e que os policiais que agem fora da lei serão responsabilizados.
A situação segue tensa na região e novos protestos não estão descartados. A Defensoria Pública e a Ouvidoria das Polícias acompanham o caso de perto.
Confira o vídeo:
Texto: Daniela Castelo Branco/Com informações da CNN Brasil
Foto: Divulgação