A confiança da população nas igrejas como instituição voltou a crescer após três anos de estabilidade. Segundo levantamento divulgado pela Gallup em julho, 36% dos americanos declararam ter “muita” ou “bastante” confiança na Igreja — um aumento de quatro pontos percentuais em relação aos 32% registrados entre 2022 e 2024.
A pesquisa é realizada anualmente desde 1973 nos EUA, quando o índice de confiança era de 66%. O pico foi alcançado em 1975, com 68%. Desde então, a tendência geral tem sido de queda, com algumas exceções, como em 2001, quando o sentimento nacional após os ataques de 11 de setembro elevou a confiança para 60%. Essa foi a última vez que a Igreja contou com apoio majoritário da população, conforme também relatado pela Lifeway Research.
O número mais recente iguala os níveis observados em 2021, quando 37% dos entrevistados expressaram confiança na instituição. Embora ainda abaixo da maioria, a alta atual marca a primeira recuperação significativa desde 2020, e aparece de forma mais acentuada em certos segmentos da sociedade americana.
Aumento da confiança
Entre os eleitores republicanos, a confiança nas igrejas saltou de 49% em 2024 para 64% em 2025. Segundo o Gallup, esse crescimento reflete um aumento geral de confiança nas instituições por parte dos conservadores após a reeleição do presidente Donald Trump, ocorrida em novembro de 2024.
A tendência não se repetiu entre os democratas, onde a confiança caiu de 22% para 21%. Entre os eleitores independentes, houve leve aumento de dois pontos percentuais, chegando a 30%. A pesquisa indica que o sentimento de confiança institucional está fortemente vinculado à filiação política e ao partido no poder.
Megan Brenan, pesquisadora da Gallup, destacou essa correlação ao afirmar: “A confiança dos partidários é facilmente restaurada quando seu partido político controla a instituição”. Ela acrescentou: “O outro lado, é claro, é que a confiança dos apoiadores do outro partido diminui quando o partido perde o poder”.
Mulheres e jovens têm mais confiança
A pesquisa identificou crescimento expressivo da confiança na Igreja em diversos grupos demográficos. Entre as mulheres, a confiança aumentou oito pontos percentuais, passando de 28% em 2024 para 36% neste ano, igualando-se aos índices masculinos.
Os americanos entre 18 e 37 anos mostraram o maior salto, de 26% para 32%. Na faixa de 38 a 54 anos, a confiança subiu três pontos, atingindo 31%, enquanto entre os maiores de 55 anos o índice foi de 39% para 42%.
Em relação à etnia, 31% dos negros e 33% dos hispânicos expressaram confiança elevada na Igreja, em comparação com 37% dos brancos. No ano anterior, a média entre todos os entrevistados não brancos era de 30%.
Pessoas com algum nível de ensino superior, mas sem graduação, apresentaram uma das maiores variações positivas — de 25% para 36%. Já entre os americanos com renda familiar inferior a US$ 50 mil por ano, a confiança subiu de 31% para 39%. Aqueles com renda acima de US$ 100 mil viram a confiança subir de 29% para 36%.
Igreja ainda precisa melhorar
Apesar do avanço registrado, a Igreja permanece atrás de outras instituições em termos de confiança da população. As pequenas empresas continuam liderando, com 70% de aprovação. Em seguida aparecem as Forças Armadas (62%) e a ciência (61%).
A Igreja figura no grupo intermediário, ao lado da polícia (45%), do ensino superior (42%) e do sistema de saúde (32%).
Na parte inferior da lista estão instituições como a presidência (30%), bancos (30%), escolas públicas (29%), Suprema Corte dos EUA (27%) e empresas de tecnologia (24%). As posições mais baixas são ocupadas por jornais (17%), sistema de justiça criminal (17%), grandes corporações (15%), telejornais (11%) e o Congresso (10%).
Desconfiança
Mesmo com a alta da confiança na Igreja e em outras entidades específicas, a média geral de confiança nas 14 instituições avaliadas pela Gallup permanece baixa. Apenas 28% dos americanos disseram confiar “muito” ou “bastante” nessas instituições — o mesmo índice registrado em 2024.
A pesquisa de 2025 confirma que a confiança institucional nos Estados Unidos continua polarizada e fortemente impactada por fatores políticos, econômicos e sociais, de acordo com o The Christian Post.