Uma mulher cristã foi morta por pastores Fulani armados na manhã de segunda-feira, 4 de agosto, na vila de Njin, situada na região de Kopmur, na chefia de Mushere, Área de Governo Local de Bokkos, estado de Plateau, Nigéria. O ataque foi relatado por moradores locais ao portal Christian Daily International-Morning Star News.
“Pastores fulani estão de volta. Esta manhã, às 10h, segunda-feira, 4 de agosto, eles atacaram a aldeia de Njin […], matando uma mulher cristã”, relatou a moradora Dorcas Ishaya.
Segundo testemunhas, além do homicídio, os agressores saquearam residências, incendiaram propriedades e forçaram moradores a fugir. Ezekiel Tongs, residente da área, afirmou: “Esses pastores não atacaram apenas a aldeia, mas também levaram animais domésticos das casas dos cristãos. Muitas casas foram incendiadas e muitos cristãos foram desalojados”.
Desde 15 de julho, pelo menos 17 cristãos foram mortos na região de Bokkos. Em um dos incidentes, dois cristãos foram baleados e mortos em uma emboscada, e seus corpos foram queimados, de acordo com relatos de Dorcas Ishaya.
No dia 24 de julho, 14 cristãos foram assassinados na vila de Mangor enquanto retornavam do mercado da cidade de Bokkos. Kefas Mallai, morador local, afirmou: “Por volta das 16h, 14 cristãos da nossa região foram emboscados e mortos por terroristas fulani. Outros três cristãos ficaram feridos no ataque”. O líder comunitário Farmasum Fuddang confirmou a informação e destacou que entre as vítimas havia mulheres e bebês.
Yohana Margif, outra liderança comunitária da região, declarou em 1º de agosto que cristãos foram expulsos de nove vilas ocupadas por pastores Fulani armados. “Os terroristas fulani montaram tendas em nossas terras onde seu gado está pastando […]. Eles construíram tendas e estão portando armas abertamente. Usurparam de forma prática e descarada nossas terras e gado”, afirmou Margif em comunicado à imprensa. As aldeias citadas por ele como ocupadas são: Hokk, Kaban, Kadim, Nawula, Dulu, Mbor, Margif, Chirang e Mangor.
Diante da sequência de ataques, moradores questionam a atuação do governo. “Isso é demais. Não podemos continuar a enterrar crianças e idosos. O governo precisa agir decisivamente para pôr fim a esses assassinatos de cristãos”, afirmou Kenneth Samson.
Segundo residentes, mais de 70 cristãos foram mortos por pastores Fulani apenas nos últimos três meses na região de Bokkos.
De acordo com o Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para Liberdade ou Crença Internacional (APPG), nem todos os Fulani aderem a ideologias radicais. No entanto, alguns grupos têm adotado estratégias semelhantes às de organizações jihadistas como Boko Haram e ISWAP. Em relatório publicado em 2020, o APPG afirmou: “Eles adotam uma estratégia comparável à do Boko Haram e do ISWAP e demonstram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”.
O relatório também aponta que líderes cristãos na Nigéria associam os ataques a uma tentativa de tomada forçada de terras e à imposição do islamismo em regiões majoritariamente cristãs, agravadas pelo avanço da desertificação que compromete os meios de subsistência dos criadores de gado Fulani.
A organização Portas Abertas classifica a Nigéria como um dos países mais perigosos do mundo para os cristãos. Conforme a Lista Mundial da Perseguição (WWL) de 2025, a Nigéria ocupa o 7º lugar entre os 50 países onde é mais difícil viver a fé cristã. Dos 4.476 cristãos mortos por sua fé no mundo entre 2024 e 2025, 3.100 foram mortos na Nigéria, representando 69% do total global.
A WWL afirma que o nível de violência anticristã na Nigéria “já está no máximo possível segundo a metodologia” da organização. Na zona centro-norte do país, onde há maior concentração de cristãos, milícias Fulani realizam ataques constantes a comunidades agrícolas. Já nos estados do norte, o controle governamental é reduzido, o que permite a atuação de grupos como Boko Haram, ISWAP e outros.
Além disso, a violência se espalhou para os estados do sul. A Portas Abertas também relatou o surgimento de um novo grupo jihadista no noroeste do país, chamado Lakurawa. Armado com equipamentos avançados e filiado à Al-Qaeda, esse grupo integra a insurgência da Jama’a Nusrat ul-Islam wa al-Muslimin (JNIM), originária do Mali, de acordo com informações do portal The Christian Post.