Milton*, um engenheiro iraniano, conheceu o cristianismo por meio de contatos com cristãos brasileiros no Facebook e passou a seguir a fé cristã após anos de estudo bíblico realizado com o apoio de aplicativos, redes sociais e conteúdos evangélicos. A história foi relatada pelo missionário Abu Youhana Alves, da Junta de Missões Mundiais (JMM), em depoimento sobre a atuação missionária no Oriente Médio.
“Nosso irmão Milton veio a Cristo ao buscar incessantemente a Deus e estudar a Bíblia. Mas não uma como a que temos”, explicou Alves. Segundo o missionário, o acesso às Escrituras em países como o Irã é limitado, e os novos convertidos utilizam recursos como trechos impressos, aplicativos e sites cristãos para aprender sobre Jesus.
Alves destacou a importância da atuação digital para alcançar povos em contextos restritos. “Devemos investir cada vez mais em Evangelismo Digital. Milton passou alguns anos lendo, estudando e se relacionando com crentes brasileiros via Facebook, o que o ajudou a desenvolver sua fé”, afirmou.
Prisão e tortura após protestos
Em 2022, após a morte de Jina Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos que faleceu sob custódia da “polícia da moralidade” iraniana em 16 de setembro, Milton participou dos protestos que se espalharam pelo país. Durante sua detenção, autoridades descobriram que ele era cristão, o que agravou sua situação.
De acordo com a JMM, Milton foi submetido a tortura e sofreu abusos por causa de sua fé. Diante do risco de morte e impossibilidade de continuar vivendo no Irã, a organização missionária iniciou os trâmites para acolhê-lo no Brasil.
“No final de 2023, entramos em contato e nos dispusemos a ajudá-lo. Milton se mostrou muito apaixonado por Jesus e sedento por aprender mais e servir ao Senhor”, relatou Alves. A missão então providenciou sua vinda ao Brasil para que pudesse exercer sua fé em liberdade.
Recomeço no Brasil
Atualmente, Milton vive no interior de São Paulo e está sendo acompanhado de perto por uma igreja parceira da Junta de Missões Mundiais. Ele foi batizado no Brasil e segue sendo discipulado em sua nova caminhada.
“Ele é quase tão apaixonado pelo Brasil quanto é por Jesus, e sonha em ser missionário”, destacou Alves.
A JMM tem formado novos obreiros em parceria com igrejas locais e considera o testemunho de Milton um exemplo da ação do Espírito Santo. “Entendemos que o Espírito Santo está resgatando e levantando pessoas dentre todos os povos para completarmos a Missão juntos”, afirmou o missionário.
Contexto da perseguição no Irã
O Irã figura entre os países com maiores índices de perseguição religiosa, especialmente contra cristãos ex-muçulmanos. Conversões são consideradas crime e podem levar à prisão ou até à pena de morte.
“Hoje, mais de 365 milhões de irmãos enfrentam algum tipo de perseguição”, alertou Alves. “A quantidade de cristãos com medo de ir à igreja, que não tem uma congregação ou que precisam escolher se permanecem fiéis a Deus ou mantêm os filhos seguros, aumenta cada vez mais”.
O missionário acrescentou que muitos desses cristãos sofrem perdas irreparáveis. “Há um crescimento de vítimas de violência extrema que perderam familiares, casa, bens e a liberdade por compartilharem sua fé em Jesus”, afirmou.
Palavra de encorajamento
Apesar das dificuldades enfrentadas por cristãos ao redor do mundo, Alves reafirmou que a esperança permanece viva. “Jesus Cristo, o autor da Missão, continua conosco até o fim dos tempos”, declarou.
Ele citou 2 Coríntios 4:8-9 como expressão do consolo nas adversidades: “As palavras nos mostram a nossa fragilidade e a graça operante do Espírito Santo. As perseguições e sofrimentos sempre fizeram parte da caminhada cristã, assim como o livramento, o fortalecimento e a graça”.
O missionário também chamou atenção para a liberdade ainda presente em países do Ocidente. “Muitos sonham em apenas ter uma Bíblia impressa e levá-la embaixo do braço para um culto público, ato tão comum para nós e que até passa despercebido”, observou.
Pedido de oração
Ao final do relato, Alves pediu orações em favor de Milton, especialmente por sua família que permanece no Irã, e por sua adaptação no Brasil. “Orem pelo crescimento pessoal e espiritual do novo convertido; e para que ele consiga recomeçar sua vida no Brasil, cumprindo o chamado que recebeu do Espírito Santo”, concluiu.
*Nome alterado por segurança.