O batismo nas águas é compreendido pelas igrejas evangélicas como um ato público e simbólico que representa a fé em Jesus Cristo, a morte para o pecado e o novo nascimento espiritual.
A prática é entendida como uma ordenança de Jesus, registrada em Mateus 28:19-20, e realizada uma única vez para aqueles que professam crer. No entanto, líderes evangélicos admitem que, em algumas situações específicas, o rebatismo pode ser considerado.
Entendimento bíblico
O pastor Celso Godoy, da Igreja Batista Monte Castelo (Ibamoca), em Teixeira de Freitas (BA), explica que a Bíblia apresenta apenas um episódio claro de rebatismo, registrado em Atos 19:1-7. No relato, o apóstolo Paulo encontrou discípulos em Éfeso que haviam recebido apenas o batismo de João, voltado para o arrependimento e preparação para a vinda do Messias. Como desconheciam a obra de Cristo e a presença do Espírito Santo, Paulo os instruiu plenamente sobre o Evangelho e, então, eles foram batizados em nome do Senhor.
Segundo Godoy, esse caso aconteceu porque o primeiro batismo não foi plenamente cristão. “Se a pessoa já foi batizada de maneira bíblica, após professar sua fé, por imersão e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não existe base bíblica para um novo batismo, mesmo que hoje pertença a outra denominação”.
Elementos essenciais do batismo
O líder batista resume três requisitos para que o batismo seja considerado válido:
- Fé pessoal em Jesus Cristo – a decisão deve ser consciente e fruto de compreensão do Evangelho.
- Forma bíblica – realizada por imersão em água, conforme os exemplos do Novo Testamento.
- Significado correto – entendido como obediência e testemunho público de fé, e não como meio de salvação.
O rebatismo, conforme explica, só se aplica quando o primeiro ato ocorreu antes da conversão genuína, sem entendimento do Evangelho, em casos como o batismo infantil; quando o rito teve um significado distorcido, ligado a tradição ou exigência social; ou quando não foi feito na fórmula trinitária.
Godoy reforça que repetir o ato sem necessidade esvazia seu sentido: “A restauração do crente não vem por um novo batismo, mas pelo arrependimento sincero e pela confissão a Deus” (1 João 1:9). Ele acrescenta: “O batismo não é um ‘banho espiritual’ que precisa ser repetido quando alguém peca ou se afasta da igreja”.
Outras circunstâncias
O pastor André Carvalho, da Igreja Batista Nova Jerusalém, em Vila Velha (ES), reconhece que há casos em que o rebatismo pode ser legítimo. Ele cita três situações principais: quando o batismo anterior ocorreu sem compreensão plena do Evangelho; quando houve abandono público e deliberado da fé; e quando a primeira experiência foi em uma denominação que não segue princípios bíblicos conforme a interpretação da igreja.
De acordo com Carvalho, a base bíblica para essa prática está em Atos 19:1-7 e também em Romanos 6:3-4, que associa o batismo à morte para o pecado e ao novo nascimento espiritual. “O batismo é um ato de obediência voluntária e um testemunho público de fé. Não salva ninguém, mas confirma a decisão de seguir a Cristo”.
Orientação
Carvalho ressalta que a preparação para o batismo é essencial. “Praticamos o Discipulado para o Batismo, para que a pessoa entenda sua importância e o significado espiritual do ato. Já tivemos casos de irmãos que voltaram para a fé após anos afastados e, depois de orientação e aconselhamento, foram batizados novamente, como uma renovação espiritual”.
O pastor lembra ainda que o batismo, assim como a Ceia do Senhor, é uma ordenança instituída por Jesus. “Marca também a entrada na comunidade de fé cristã, sendo reconhecido como parte do Corpo de Cristo. E também significa um ato de obediência voluntária”, declarou, em entrevista à revista Comunhão.