O pastor Luciano Estevam Gomes anunciou publicamente sua renúncia ao cargo de líder da Primeira Igreja Batista em Aracruz (Pibara), no Espírito Santo, após 24 anos à frente da congregação. O motivo, conforme detalhado em comunicado durante culto matutino, foi a necessidade de dedicar-se ao tratamento de um quadro severo de depressão.
Em nota lida em assembleia, Estevam descreveu a sua trajetória de luta contra a doença de saúde mental. “Venho lutando contra uma depressão severa que tem me esgotado em vários sentidos, afetando demasiadamente minhas emoções e sentimentos”, afirmou.
O pastor agradeceu ao staff pastoral e aos membros da igreja pelo apoio, ressaltando: “Sem vocês não seria possível”.
O caso amplifica um debate crescente sobre saúde mental no ministério religioso. No Brasil, figuras como o padre Fábio de Melo e Marcelo Rossi já relataram publicamente desafios similares contra a depressão, destacando a pressão emocional inerente à liderança espiritual.
Em redes sociais, onde o tema sobre depressão gerou ampla repercussão, Estevam retomou o assunto: “Não imaginava que minha renúncia teria tanta repercussão. Cuidado com os pastores!”. Ele citou ainda o teólogo John Piper para enfatizar os riscos da vocação: “O peso das almas pode esmagar um homem se ele não lançar esse peso sobre Cristo todos os dias”.
Seu apelo se direcionou também às comunidades eclesiásticas: “Não julguem! Não critiquem! Apoiem! Sejam amigos”. A fala reforça a necessidade de redes de apoio para líderes religiosos, frequentemente expostos a cobranças emocionais e espirituais exacerbadas.
Muitos desses líderes, por não serem cuidados, acabam se esgotando com o passar do tempo, o que leva ao adoecimento mental.
Contexto estatístico:
Pesquisa da Associação Brasileira de Pastores (2024) indica que 62% dos ministros relataram episódios de ansiedade ou depressão, com apenas 18% buscando ajuda especializada. O caso de Estevam ilustra a urgência de políticas de cuidado integral dentro das instituições religiosas.