O pastor Silas Malafaia afirmou na noite de quarta-feira, 20 de agosto, que entregou a senha de seu celular à Polícia Federal (PF) por não temer autoridades, e reiterou sua posição de que “Alexandre de Moraes tem que tomar um impeachment, ser julgado e preso”. A declaração foi dada após prestar depoimento à PF, no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, onde foi alvo de uma ação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O mandado cumprido incluiu busca pessoal, apreensão de celulares e passaporte. Malafaia havia desembarcado de um voo vindo de Lisboa, Portugal, quando foi abordado por agentes. Em entrevista a jornalistas, o pastor criticou diretamente o magistrado: “Nós estamos diante de um criminoso chamado Alexandre de Moraes, que eu venho denunciando há quatro anos, em mais de 50 vídeos. Ele estabelece o crime de opinião no Estado democrático de Direito. Onde é que você é proibido de conversar com alguém? Que país é esse? Que democracia é essa? Que nação é essa, minha gente?”.
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo também dirigiu questionamentos públicos a outras autoridades. “Senhor presidente do Supremo Tribunal Federal: até onde isso vai? Senhor Barroso, senhor Gilmar Mendes, decano do STF: até onde isso vai? Senhor presidente do Senado, Davi Alcolumbre, até onde isso vai? Senhor Hugo Motta, presidente da Câmara, imprensa, até onde isso vai? Até onde vai essa covardia? Eu não tenho medo de ditadores”.
Sobre as medidas, Malafaia afirmou que não teme o conteúdo apreendido. “Apreender meu passaporte? Eu não sou bandido. Apreender meu telefone? Vai descobrir o quê? Eu dei a senha, não tenho medo de nada. Conversa com Bolsonaro? Eu estou proibido de falar com ele e não posso falar o que é. É o seguinte: até meus cadernos de mensagens foram apreendidos. Eu anoto, escrevo mensagens da Bíblia. Estão apreendidos”. Ao final, conclamou apoiadores: “Povo brasileiro, dia 7 de setembro vamos dar uma resposta a isso”.
Medidas cautelares impostas
As restrições determinadas pelo STF incluem a proibição de Malafaia deixar o país e de manter contato com outros investigados. Essas medidas foram solicitadas pela PF e receberam parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A ação se insere na tramitação da Ação Penal nº 2668, que tem como réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, a Polícia Federal reuniu diálogos e publicações que indicariam a participação de Malafaia em atos de pressão e interferência nas investigações.
No parecer, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o pastor “aparece como orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro”. Gonet acrescentou ainda que “impõe-se concluir que estão associados no propósito comum, bem como nas práticas dele resultante, de interferir ilicitamente no curso e no desenlace da Ação Penal n. 2668, em que o ex-presidente figura como réu”.
No dia 3 de agosto, Malafaia participou do ato “Reaja Brasil”, realizado na Avenida Paulista, em São Paulo. O evento reuniu políticos ligados à direita e levantou pautas como “o fim da censura, a defesa da liberdade de expressão e o avanço do projeto anistia já”.