A ordem de apreensão do celular e passaporte do pastor Silas Malafaia emitida por Alexandre de Moraes está sendo interpretada como perseguição religiosa em decorrência da perseguição política. Comentaristas políticos e pastores trataram o episódio como extremo.
Malafaia, que foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ao retornar de uma viagem a Lisboa, em Portugal, afirmou que não se calará por não ter “medo de ditadores”, e reiterou sua interpretação de que o ministro Moraes comete crimes e que o Senado deveria abrir um processo de impeachment, para que depois de destituído do cargo ele fosse processado e preso.
Ao mesmo tempo, nas redes sociais, comentaristas políticos e pastores repudiaram a ordem de Moraes por entenderem que a motivação para a ação era silenciar as críticas do pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) contra o Supremo Tribunal Federal:
“Fizeram operações contra um padre – vários carros da PF, armas, coletes, intimidação… e uma invasão brutal em uma paróquia. Agora, fazem o mesmo com um pastor. O Brasil está, oficialmente, no mesmo grupo da Nicarágua que persegue religiosos por opiniões e posições políticas”, comentou Ana Paula Henkel, rememorando as ações contra o padre José Eduardo, em novembro de 2024.
Leandro Ruschell, jornalista radicado nos Estados Unidos, afirmou que a situação do país se torna mais complexa do ponto de vista internacional diante da decisão de coagir um pastor: “A perseguição policial contra um líder religioso crítico ao regime apenas consolida, entre os americanos, a percepção de que o Brasil mergulha numa ditadura”.
Em seguida, lembrou que os alertas feitos por conservadores sobre o cenário diante da volta da esquerda ao poder se comprovou verdadeiro: “Mais uma ‘fake news bolsonarista’ que se transformou em realidade da nossa ‘democracia pujante’: perseguição política contra cristãos”.
O pastor presbiteriano Ageu Magalhães foi sucinto ao comentar a situação com uma pergunta retórica: “O tiranete da República agora vai perseguir os evangélicos?”.
Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança em Niterói (RJ), reiterou os alertas que vem expressando nas redes sociais ao longo dos últimos anos a respeito do risco real de censura: “Estava demorando para que isso acontecesse. O que virá depois? A liberdade de expressão no Brasil foi relativizada, e quanto a isso não há dúvidas”
“Uma coisa importante: a questão não é se você gosta ou não do Malafaia, mas sim que o direito à liberdade está na mão de um ministro da Suprema Corte”, lamentou.
