Fatuma Hassan, 28 anos, permanece confinada em um quarto sob custódia de familiares muçulmanos desde 6 de agosto, juntamente com a sua filha bebê, na cidade de Afgooye, região de Lower Shebelle, na Somália.
A situação foi confirmada através de comunicação telefônica com seu marido, cuja identidade não foi divulgada por motivos de segurança.
Em declaração ao Morning Star News, Hassan relatou que sua filha de um ano apresenta significativa perda de peso devido à restrição alimentar imposta pelos captores.
“Minha filha é indesejada na família, que diz: ‘Jogue fora essa filha bastarda nascida de um infiel – queremos você de volta, mas não a criança que não merece o direito de viver’”, afirmou a mulher.
Hassan, que pertence a uma família real local de muçulmanos, converteu-se ao cristianismo e posteriormente casou-se com um homem cristão. Desde que sua conversão foi descoberta, enfrenta condições de confinamento e agressões físicas.
“Minha família e parentes juraram que não me deixarão ver o sol até que eu abandone minha fé cristã e retorne ao islamismo”, declarou.
Perseguição Religiosa
A Somália ocupa a 2ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Portas Abertas, organização que monitora hostilidade contra cristãos em 50 países. A constituição somali estabelece o islamismo como religião oficial, proíbe a propagação de outras crenças e exige que todas as leis estejam em conformidade com a sharia (lei islâmica).
De acordo com relatórios do Departamento de Estado dos EUA, não há exceções legais para não muçulmanos. Principais correntes da jurisprudência islâmica na região consideram a apostasia crime punível com morte, posição rigorosamente aplicada pelo grupo extremista Al Shabaab, aliado da Al-Qaeda.
Fuga e Recaptura
Hassan havia escapado do cativeiro criado pelos familiares muçulmanos em março de 2024, refugiando-se na cidade de Balad, região de Middle Shabelle. Lá, conheceu e casou-se com seu atual marido, mantendo-se escondida por mais de um ano.
Em 30 de julho, durante visita a um mercado local, sua localização foi identificada por um parente. Em 6 de agosto, seis familiares invadiram sua residência por volta das 18h. Segundo relato do marido à mesma fonte, Hassan foi agredida fisicamente com tapas e golpes de pau enquanto gritava “cristão”. O marido conseguiu escapar pela janela traseira.
Apelo
A mulher segue confinada em condições insalubres e sob constante pressão psicológica. “Estou orando pela intervenção de Deus para escapar e me reunir com meu marido novamente. Preciso ainda mais das orações dos cristãos”, apelou Hassan.
Organizações de direitos humanos e liberdade religiosa têm sido alertadas sobre o caso, que ilustra os riscos enfrentados por convertidos ao cristianismo em territórios sob rigorosa aplicação de leis religiosas restritivas.