Em seu podcast Pergunte ao Pastor John, o teólogo John Piper afirmou que os fiéis devem se comprometer a nunca assistir intencionalmente a conteúdos com nudez, seja em filmes, séries ou mídias online.
Piper exortou os cristãos a adotarem o que chamou de “pureza radical” em meio a uma cultura saturada por imagens sexualizadas.
Segundo ele, os crentes devem tomar a firme decisão de nunca buscar intencionalmente a exposição à nudez nas produções culturais.
“Quanto mais me aproximo da morte e do encontro pessoal com Jesus face a face e prestando contas da minha vida e das palavras descuidadas que falei – e quanto mais dos olhares intencionais – mais certeza tenho da minha determinação de nunca olhar intencionalmente para um programa de TV ou um filme ou um site ou uma revista onde sei que verei fotos ou filmes de nudez. Nunca”, disse o pastor de 79 anos.
“E quanto mais perto chego da morte, melhor me sinto sobre isso e mais comprometido me torno”, afirmou o chanceler do Bethlehem College and Seminary em Minneapolis, Minnesota.
Piper, autor e fundador do site e ministério Desiring God, afirmou que sua posição não se trata de legalismo, mas de viver plenamente a liberdade conquistada por Cristo na cruz.
Citando Tito 2:14, ele declarou: “Jesus morreu para me purificar. Ele morreu para purificar o seu povo. Reduzir a cruz à ideia de que Jesus morreu apenas para nos perdoar por assistir à nudez – e não para nos capacitar, pelo seu poder, a rejeitá-la – é uma distorção completa do seu propósito.”
Justificação e santificação
No centro de seu argumento, Piper enfatizou a sequência bíblica de justificação e santificação.
“Primeiro passo: O pecado é cancelado pelo sangue de Cristo. Somos justificados diante de Deus. Segundo passo: Esse pecado perdoado é então purificado de nossas vidas pelo Espírito à medida que crescemos em santidade. Nunca devemos inverter a ordem. Primeiro, o pecado é cancelado – então, o pecado é conquistado”, disse ele.
Essa verdade, acrescentou ele, motiva os cristãos a combater o pecado em todas as áreas da vida, especialmente os “pecados dos olhos e do coração”.
Piper reconheceu que a mídia ocidental tende a normalizar a luxúria, apontando para publicidades, videoclipes, influenciadores digitais e plataformas de streaming que apresentam imagens sexualizadas como forma de entretenimento. No entanto, segundo ele, os cristãos são chamados a viver de forma separada, resistindo a essas influências.
“Quero convidar, francamente, todos os cristãos a se juntarem a mim nesta busca por maior pureza de coração e mente”, disse ele. “Em nossos dias, quando a mídia de entretenimento é virtualmente a língua franca do mundo, este é um convite para ser um alienígena. E acredito de todo o coração que o que o mundo precisa é de aberrações radicalmente ousadas, sacrificialmente amorosas, obcecadas por Deus, alienígenas.
Ele acrescentou: “Se escolhermos endossar, abraçar ou desfrutar da impureza, pegamos uma lança e a enfiamos no lado de Jesus”.
Cenas de nudez
Piper apresentou 12 razões pelas quais decidiu não assistir a qualquer conteúdo que contenha cenas de nudez.
Entre os motivos apresentados, Piper destacou que “a santidade é uma ordem divina”, citando 1 Pedro 1:15 e classificando a nudez no entretenimento como “profana e impura”. Ao se referir a Mateus 5:28-29, ele enfatizou que “a luxúria equivale ao adultério”.
“Ver mulheres nuas faz com que os homens – e as mulheres que veem homens nus – pequem com suas mentes e seus desejos e, muitas vezes, com seus corpos”, disse ele.
“Se Jesus nos disse para guardar nossos corações arrancando nossos olhos para evitar a luxúria, quanto mais ele diria: ‘Não assista’?”
Piper enfatizou que “a verdadeira liberdade é encontrar Cristo”, rejeitando a noção de que “abster-se da impureza leva a uma vida restrita”.
Intimidade com Deus
Ele disse que a pureza “promove a intimidade com Deus”, citando Mateus 5:8. Assistir à nudez, acrescentou, “entorpece a capacidade do coração de ver e desfrutar de Deus”.
Ele destacou que, ao contrário da violência encenada nos filmes, as cenas de nudez envolvem pessoas reais expostas diante das câmeras, seguindo instruções específicas de direção – o que, segundo ele, torna esse tipo de conteúdo especialmente problemático para quem busca viver em santidade.
Ao contrário da violência nos filmes, Piper disse que “essas atrizes estão realmente nuas na frente da câmera, fazendo exatamente o que o diretor diz para fazer com suas pernas, mãos e seios”.
“Eles estão parados lá e nus na frente de milhões de pessoas – para o mundo ver”, disse ele.
O pastor argumentou ainda que o sexo “não é um esporte para espectadores”, mas sim uma “alegria santa que é sagrada em seu lugar seguro de amor terno”.
“Homens e mulheres que querem ser observados em sua nudez estão na categoria de exibicionistas que abaixam as calças no topo das escadas rolantes”, disse Piper.
Pureza radical
Piper argumentou que nenhum grande filme depende de cenas de nudez para alcançar mérito artístico. Ele observou que muitos cristãos agem de forma contraditória ao assistir a conteúdos que jamais desejariam que suas filhas participassem.
Segundo ele, muitos crentes evitam abraçar a pureza radical por receio de parecerem “esquisitos” diante da cultura atual.
Piper apontou para um teste bíblico de Romanos 14:23: “Se você duvida, não duvide”.
Embora cenas explícitas estejam se tornando menos comuns em algumas produções, uma pesquisa de 2022 do Parents Television and Media Council apontou um aumento na exibição de nudez masculina em séries como Euphoria, da HBO.
Outros programas populares, como The White Lotus, Hunting Wives (Netflix) e Game of Thrones, também incluíram diversas cenas explícitas de nudez.
Alguns, como o escritor e comentarista cultural Andrew Klavan, adotaram uma postura mais permissiva em relação à nudez na mídia, defendendo o uso de cenas de nudez e sexo em suas próprias produções.
“A arte cristã moderna é muito branda. Não tenho nada contra a arte familiar, mas se isso é tudo o que você consome, você não está preparado para o mundo. As artes devem encher seu coração com toda a experiência humana, então quando você confronta a escuridão real, você não fica surpreso com isso”, disse ele ao The Christian Post sobre por que ele está bem com conteúdo controverso em uma entrevista em março.
Em uma entrevista concedida ao Desiring God em 2015, o pastor e artista Trip Lee incentivou os cristãos a rejeitarem qualquer exposição a conteúdo sexual explícito, independentemente do reconhecimento cultural da obra.
“Isso realmente pode prejudicar nossas almas”, disse ele sobre ver a nudez. “Pode provocar luxúria em nossos corações e desejos em nossos corações. E isso pode levar a coisas ainda mais explícitas. E então, para mim, quando penso em cultura pop e sexualidade explícita, não é um risco que valha a pena correr. Eu só não quero deixar espaço para isso na minha vida. Quero ter certeza de que não tenho espaço para correr esse tipo de risco.”
