Katmandu, Nepal – Comunidades cristãs no Nepal monitoram a situação de instabilidade política e social que se intensificou no país após a renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli, ocorrida na terça-feira.
O anúncio foi feito em meio a uma onda de protestos contra a proibição de redes sociais e alegações de corrupção no governo, que resultaram em pelo menos 19 mortes, segundo registros locais.
A crise atual elevou o nível de apreensão entre grupos religiosos minoritários, incluindo os cristãos. Essas comunidades historicamente enfrentam pressão social e legal em um país de maioria hindu. Convertidos ao cristianismo são frequentemente alvo de pressão familiar, ostracismo comunitário e, em períodos de vacúlo governamental, podem enfrentar ações violentas de grupos radicais que atuam com impunidade.
Os distúrbios ganharam força após o governo decretar, no dia 4 de setembro, o bloqueio de 26 plataformas de mídia social, incluindo Facebook, WhatsApp, Instagram, YouTube e X (antigo Twitter). A medida, justificada oficialmente como necessária para “conter discursos de ódio e desinformação”, foi recebida como censura por amplos setores da sociedade, levando milhares de pessoas, em sua maioria jovens, às ruas em protesto.
Nos dias seguintes, manifestantes invadiram sedes governamentais e residências de políticos. Em resposta, o governo impôs toque de recolher, bloqueou vias de acesso principais e determinou o fechamento temporário do aeroporto internacional de Katmandu. Tropas do exército foram mobilizadas e relatos de confrontos com as forças de segurança resultaram em mortes por disparos de polícia.
Organizações locais parceiras de entidades internacionais de apoio religioso, como a Portas Abertas, emitiram comunicados solicitando solidariedade e orações pela pacificação do país. Em declaração atribuída a esses parceiros, foi afirmado que “os cristãos nepaleses necessitam de proteção divina e sabedoria para navegar neste período de incerteza e potencial violência”.
O Nepal vive um período delicado desde sua transição para a república secular em 2008, mas manteve leis que restringem a liberdade religiosa, incluindo a proibição de proselitismo. Analistas indicam que cenários de instabilidade política tendem a exacerbar tensões religiosas subjacentes.