Arqueólogos israelenses anunciaram a descoberta de uma grande propriedade agrícola samaritana em Khirbet Kafr Hatta, no centro de Israel, local historicamente associado a Simão, o Mago — personagem citado no livro de Atos dos Apóstolos.
O relato bíblico descreve Simão como um homem que praticava artes mágicas e impressionava o povo, mas que, ao ver os milagres realizados pelos discípulos, declarou-se convertido. Posteriormente, ao tentar comprar dons espirituais com dinheiro, foi repreendido pelo apóstolo Pedro, episódio que deu origem ao termo “simonia”, usado para designar a comercialização de cargos e funções religiosas.
Achados arqueológicos
A escavação foi conduzida pela Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) em parceria com o Ministério da Construção e Habitação. De acordo com os responsáveis, Alla Nagorsky e Daniel Leahy Griswold, a propriedade esteve em funcionamento entre os anos 300 e 700 d.C., abrangendo os períodos romano e bizantino. “O tamanho e o esplendor dos edifícios, a qualidade dos mosaicos e as instalações agrícolas apontam para a grande riqueza e prosperidade da comunidade samaritana local”, afirmaram os diretores.
Entre os achados, estão mosaicos ornamentais com motivos frutíferos, um lagar de azeite, um armazém e um banho ritual. A presença do lagar chama atenção, uma vez que essas estruturas eram mais comuns em Jerusalém e na Judeia, do que na região de Samaria. Com o tempo, a expansão agrícola levou à reutilização de elementos arquitetônicos, como colunas e capitéis, e ao desgaste dos mosaicos originais.
Contexto histórico
Durante os séculos 5 e 6, os samaritanos promoveram rebeliões contra o domínio do Império Bizantino, resultando na destruição de diversos assentamentos. A propriedade de Khirbet Kafr Hatta, porém, parece ter resistido, preservando parte de sua estrutura, de acordo com a revista Comunhão.
Nagorsky destacou a importância da descoberta: “Este é um sítio fascinante, que revela a trajetória entre prosperidade e declínio da comunidade samaritana. Seus achados impressionantes nos permitem reconstruir séculos de história e ampliar o conhecimento sobre essa população na antiguidade”.