Trump denunciou a censura, repressão, corrupção judicial e perseguição política da ditadura brasileira em seu discurso na ONU e em seguida elogiou o Lula . Gênio, agora painho vai negociar a anistia ampla, geral e irrestrita 👏🏻👏🏻 pic.twitter.com/RSOow3o0yp
— Pri (@Pri_usabr1) September 23, 2025
Em seu discurso na ONU na manhã desta terça-feira, 23 de setembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou as acusações que tem feito há meses contra o Brasil e afirmou que terá um encontro com Lula (PT) na próxima semana para negociar as tarifas impostas ao país.
Lula ouviu da plateia a reclamação de Trump sobre a postura do Poder Judiciário brasileiro: “O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”, declarou o presidente dos EUA.
Em seguida, Trump afirmou que encontrou com Lula nos corredores da sede da ONU e que farão uma reunião em breve: “Nós nos vimos, e eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. […] concordamos em nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos. Em retrospectiva, ainda bem que esperei. Mas nós conversamos, tivemos uma boa conversa e concordamos em nos encontrar na próxima semana, se isso for do seu interesse”, acrescentou.
A transmissão focou em Lula neste momento, e mostrou uma mudança de semblante do mandatário brasileiro. A vereadora evangélica Sonaira Fernandes (PL) notou o desconforto do petista: “Lula mudou imediatamente de expressão quando Trump disse que teriam uma reunião Casa Branca”, escreveu ela em sua conta no X.
No final de seu destaque sobre o Brasil, Trump afirmou que Lula pareceu “um homem muito legal” e que ele havia gostado do petista, e por isso fariam uma reunião: “Só faço negócios com pessoas de quem gosto, eu não… quando não gosto delas, quando não gosto delas, eu não gosto delas. Mas tivemos, pelo menos por uns 39 segundos, uma química excelente, é um bom sinal”, finalizou o presidente dos Estados Unidos.
Repercussão
A declaração firme de Trump contra as ações do Poder Judiciário no Brasil, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrem um dia após a sanção dos EUA da esposa de Alexandre de Moraes, a advogada Viviane Barci, na Lei Magnitsky, devido a violações de Direitos Humanos de seu marido como ministro do STF.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), exilado nos EUA, comentou as declarações de Trump na Assembleia Geral da ONU: “Para quem conhece as estratégias de negociação de Donald Trump, nada do que aconteceu foi surpresa. Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações. Ontem mesmo, sancionou a esposa do maior violador de direitos humanos da história do Brasil, um recado claro e direto”.
Para o parlamentar, Trump criou as circunstâncias ideais para alcançar seus objetivos: “Ele entra na mesa quando quer, da forma que quer e na posição que quer. Enquanto isso, outros líderes, como Lula, assistem impotentes, sem qualquer capacidade real de influenciar o jogo global. Na verdade Lula agora é que está na obrigação de aproveitar a rara oportunidade de sentar-se com Trump e com a difícil missão de extrair algo de positivo nesta mesa”.
A mesma percepção foi compartilhada pelo jornalistas Paulo Figueiredo Filho, que também vive nos EUA: “Se querem analisar se a fala foi boa ou ruim para Lula, vejam quais são as possibilidades que o presidente brasileiro tem agora, na nova posição em que se encontra. Terá que encontrar Trump. Tem a obrigação de voltar com alguma vitória”.
Segundo Figueiredo, na reunião na Casa Branca, Lula “ouvirá sobre a situação do Brasil com fatos incontestáveis da boca do Trump (como foi o caso da África do Sul)”, e precisará reiterar suas críticas ou dar razão ao presidente norte-americano: “Terá que dizer ao presidente americano que o judiciário brasileiro é independente, que Bolsonaro era uma ameaça à democracia e que o Brasil quase teve um golpe no 8 de janeiro. Só que estas mesmas narrativas foram criadas para e usadas contra o próprio Trump por anos. E aí? Vai explicar que disse que se Trump estivesse no Brasil também seria preso pelo 8 de janeiro? Que Trump era a nova face do nazismo? Quando disser que não pode fazer nada, será cobrado sobre o projeto de anistia. E aí? Cheque. Lula termina o dia de hoje em uma posição política infinitamente pior do que começou”.
Lula mudou imediatamente de expressão quando Trump disse que teriam uma reunião Casa Branca.
“Não sei se quero ir não, cumpanhêro!” 🤣 pic.twitter.com/TcDsl3MzLs
— Sonaira Fernandes (@Sonaira_sp) September 23, 2025