A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o vereador Paulo Vanderlei Faguaga Siqueira, conhecido como Paulo Orelha (PT), por suspeita de discriminação religiosa em São Borja, na Fronteira Oeste. A apuração foi motivada por declarações feitas durante a 34ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal, realizada em 06 de outubro.
No pequeno expediente, ao comentar atos de depredação no cemitério municipal, o parlamentar sugeriu relação com a prática de uma religião.
Em plenário, o vereador questionou: “Será que não é essas pessoas que fazem ziriguidum? Que vão pegar a cabeça de morto para fazer feitiço?”. Na sequência, afirmou: “Nada contra os umbandistas, os trabalhos, porque eu limpo sempre lá as oferendas e tudo”.
As falas geraram reação imediata do presidente da Câmara, João Carlos Reolon (Progressistas), que solicitou a retirada do termo “umbandistas”. Orelha acatou e retrucou: “Então, o que é? Ziriguidunzeiro?”.
Após a repercussão, o vereador divulgou nota pública pedindo desculpas. No texto, escreveu: “Jamais foi minha intenção ofender, desrespeitar ou diminuir qualquer crença, religião ou manifestação de fé”.
O parlamentar afirmou que se expressou de forma inadequada, disse que suas palavras foram mal interpretadas e ressaltou que seu objetivo era tratar dos casos de vandalismo no cemitério, não fazer julgamentos religiosos. Em plenário, ele também pediu desculpas a todas as religiões, sugeriu a instalação de câmeras no cemitério e cobrou providências do Legislativo ou da Prefeitura para conter os atos de depredação.
A Câmara Municipal informou, em nota de imprensa, que a Mesa Diretora irá se reunir para tratar do episódio “de forma institucional”, adotando medidas conforme o Regimento Interno. O comunicado registra: “A Câmara reafirma seu compromisso de zelar pelo bom andamento dos trabalhos legislativos e pelo respeito entre parlamentares e à comunidade são-borjense, assegurando que todos os fatos sejam tratados com a seriedade que o Poder Legislativo requer”. A nota é datada de 06 de outubro de 2025.
Segundo a Câmara, a avaliação interna busca reforçar o compromisso do Legislativo com ética, transparência e respeito no exercício do mandato parlamentar, de acordo com o G1. Paralelamente, a investigação aberta pela Polícia Civil irá apurar se houve discriminação religiosa nas declarações feitas pelo vereador durante a sessão. Não foram anunciados, até o momento, desdobramentos sobre eventuais medidas administrativas ou conclusões do inquérito.