Em um país onde o casamento tradicional está em queda, os evangélicos aparecem na contramão da tendência. Segundo dados do Censo 2022 do IBGE, divulgados nessa quarta-feira (06), são eles que mais mantêm viva a prática de unir o civil e o religioso na mesma celebração. Atualmente, 40,9% dos evangélicos vivem esse modelo “completo” de casamento, o maior percentual entre todos os grupos religiosos.
Além disso, a comunidade evangélica também lidera em casamentos somente no civil, que somam 29,1%. Já as uniões consensuais, em que o casal opta por viver junto sem formalização, são menos comuns entre os fiéis: 28,7%.
“O casamento civil é importante porque oficializa a união perante a lei, garantindo direitos e deveres mútuos. Já o casamento religioso (a cerimônia na igreja) é o ato de consagração diante de Deus, pedindo Sua bênção sobre o lar”, explica o pastor Leonino Barbosa Santiago, mestre em Liderança pela Andrews University.
O pastor sênior da Primeira Igreja Batista do Morumbi (SP), Lisaneas Moura, também enfatiza a importância de se valorizar o casamento civil e religioso. “Cremos que para Deus o mais importante é a celebração de um compromisso de fidelidade um ao outro e vivido na dependência de Deus . Este compromisso precisa ser celebrado primariamente no casam civil e, depois, no religioso”, justifica.
Os números do IBGE também mostraram que, entre os católicos, há um equilíbrio curioso: 40% deles optam por casar no civil e no religioso, enquanto 40,9% vivem em uniões consensuais. Outros 15,3% escolhem apenas o casamento civil, e 3,7%, cerimônias exclusivamente religiosas.
No total, o modelo tradicional de casamento — civil e religioso — caiu para 37,9% em 2022, o índice mais baixo já registrado. Em 2000, esse tipo de união representava 49,4%.
As uniões consensuais, por outro lado, saltaram de 28,6% em 2000 para 38,9% em 2022, tornando-se o tipo mais comum no país.
O levantamento mostra ainda que 51,3% da população brasileira vivia em união conjugal em 2022, um leve aumento em relação a 2010 (50,1%). Outros 18,6% já viveram uma união, mas estão separados, divorciados ou viúvos. E apenas 30,1% nunca se casaram ou viveram com alguém — o menor índice da série histórica.
A faixa etária mais frequente em união conjugal vai de 40 a 49 anos para os homens (23,2%) e de 30 a 39 anos para as mulheres (24,6%). A idade média da primeira união também subiu: 25 anos (sendo 26,3 para eles e 23,6 para elas), ante 24,2 anos em 2000.
A renda aparece como fator decisivo no tipo de casamento. Entre casais com até meio salário mínimo per capita, 52,1% vivem em uniões consensuais, enquanto 24,2% oficializaram no civil e religioso. Na faixa de meio a um salário mínimo, os números se equilibram — 40,1% vivem juntos sem papel passado e 35,8% seguem o formato tradicional.
Mas entre quem ganha acima de cinco salários mínimos, o cenário muda: 54,3% optam pelo casamento civil e religioso. Para especialistas, a conjunção entre fé e estabilidade financeira ajuda a explicar por que os evangélicos ainda sustentam os índices mais altos de casamentos formais no país.
Fonte: Comunhão







































