Poucos temas na história cristã despertaram tanto debate quanto o dízimo. Para alguns, o tema é visto como um fardo religioso; para outros, como um investimento que promete retorno imediato. Entre visões opostas, muitas vezes se perde o verdadeiro sentido dessa prática: honrar a Deus com o que se tem e com quem se é.
Segundo o pastor e escritor Luciano Subirá, o dízimo “não se resume a dinheiro”, mas é um gesto de reconhecimento, adoração e confiança, que expressa a prioridade de Deus na vida do cristão.
“No Antigo Testamento, o dízimo servia para o sustento dos obreiros, dos sacerdotes e levitas. No Novo Testamento, surge o conceito de salário para o sustento dos ministros. Essa reformulação não altera a prática, apenas o propósito. A Bíblia é clara quanto à sua continuidade, e, enquanto ele permanece, não há razão para deixarmos de entregar a Deus a décima parte do que recebemos”, explicou o pastor.
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal que dela vos advenha a maior abastança”, diz o livro de Malaquias 3:10.
A seguir, cinco mitos comuns sobre o dízimo e o que as Escrituras ensinam a respeito de cada um.
1. “O dízimo é um imposto da igreja”
O dízimo não é uma cobrança institucional, mas uma resposta voluntária de amor. Deus nunca desejou ofertas movidas por obrigação, e sim por devoção. “O Senhor não está interessado nas ofertas em si, mas no ofertante”, afirmou Subirá. O ato de dizimar é uma expressão de gratidão, não uma taxa. O valor não é o que define o gesto, e sim o coração de quem oferece.
2. “O dízimo pertence apenas ao Antigo Testamento”
O princípio da entrega precede a Lei mosaica. Antes de Moisés, Abraão já oferecia dízimos em reconhecimento de que tudo vinha de Deus. No Novo Testamento, Jesus reafirma o valor da fidelidade e da justiça, orientando seus seguidores a não negligenciar esses princípios. O dízimo, portanto, não é uma prática ultrapassada, mas um reflexo de fé e honra que atravessa gerações.
3. “Dizimar garante prosperidade automática”
Essa ideia, segundo o pastor, é uma distorção do ensino bíblico. “A recompensa jamais deve ser o que nos move a dar, mas tampouco deve ser ignorada”, observou Subirá. A prosperidade bíblica é consequência da obediência e da comunhão com Deus, não uma troca financeira. A bênção, explica ele, é fruto da vida em aliança com o Criador, não de uma motivação material.
4. “Deus se importa apenas com o valor”
As Escrituras mostram que Deus mede intenções, não cifras. Jesus destacou a oferta da viúva pobre, que entregou duas pequenas moedas — tudo o que possuía —, demonstrando entrega completa. A grandeza do dízimo, portanto, está na sinceridade do coração, não na quantia. Deus busca prioridade e autenticidade, e não ostentação ou cálculo.
5. “O dízimo é apenas sobre dinheiro”
Honrar a Deus vai além das finanças. O dízimo é parte de uma vida consagrada em todas as áreas. Tempo, dons, relacionamentos e decisões revelam se o cristão coloca o Senhor em primeiro lugar. A adoração integral envolve todo o ser e se manifesta em cada escolha, não apenas na entrega de uma porcentagem.
Para Luciano Subirá, compreender o dízimo em sua essência transforma a percepção da prática. “Não se trata de uma transação financeira, mas de um gesto de comunhão, confiança e adoração”, afirmou à revista Comunhão, explicando que cada oferta, pequena ou grande, reflete o coração do cristão, sua fidelidade e sua disposição de honrar a Deus.








































