A tensão aumentou no Paquistão após um homem-bomba matar 12 pessoas e ferir dezenas ao se explodir na capital, em um atentado considerado o primeiro contra civis em mais de uma década.
O ataque ocorreu na tarde de terça-feira, 11 de novembro, em frente a um tribunal de primeira instância em Islamabad, deixando pelo menos 27 feridos, segundo informações da Associated Press.
O atentado aconteceu em um horário de grande movimento, em uma área frequentemente lotada de visitantes. Há relatos contraditórios sobre a autoria do ataque. Alguns jornalistas afirmam ter recebido mensagens do grupo Jamaat-ul-Ahrar, dissidente do Talibã paquistanês, reivindicando a responsabilidade, enquanto um comandante do grupo negou a participação.
As tensões aumentaram em meio às disputas entre Paquistão, Afeganistão e Índia. Ministros paquistaneses acusaram o governo afegão de cumplicidade no atentado, mas Cabul negou. “Estamos em estado de guerra”, afirmou o ministro da Defesa Khawaja Muhammad Asif em comunicado após o ataque. “Levar esta guerra a Islamabad é uma mensagem de Cabul, à qual o Paquistão tem todo o poder para responder”.
O ministro do Interior, Mohsin Naqvi, declarou à imprensa que o ataque foi “realizado por elementos apoiados pela Índia e por representantes do Talibã afegão”, com ligações ao Talibã paquistanês. Ele não apresentou provas, mas garantiu que as autoridades estão “investigando todos os aspectos” da explosão, segundo a AP.
Em entrevista à Geo News, Asif afirmou que ataques a “santuários terroristas” no Afeganistão “não seriam descartados” como resposta ao atentado. Naqvi detalhou ainda que o homem-bomba pretendia atingir uma viatura policial após não conseguir entrar no prédio do tribunal. A mídia estatal inicialmente divulgou que a explosão havia sido causada por um carro-bomba, mas a descoberta da cabeça do atacante confirmou tratar-se de um ataque suicida.
A polícia de Islamabad informou que a maioria das vítimas eram transeuntes ou pessoas que estavam no tribunal, e a área foi imediatamente isolada após o ataque. As negociações de paz entre Paquistão e Afeganistão seguem abaladas, com frequentes trocas de tiros nas zonas fronteiriças.
No dia 6 de novembro, soldados talibãs e forças paquistanesas trocaram disparos em Spin Boldak, resultando na morte de pelo menos cinco civis, incluindo quatro mulheres, e deixando seis feridos, segundo a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade. As negociações de paz foram interrompidas no sábado (9 de novembro), com ambos os lados se acusando mutuamente pelo fracasso.
Antes do atentado em Islamabad, as forças de segurança haviam anunciado a defesa de uma academia militar em Wana, alvo de outro homem-bomba e cinco atiradores, segundo relato da AP. Os militares afirmaram ter eliminado os agressores e responsabilizaram o Talibã paquistanês, que, segundo o governo, recebe apoio da Índia e abriga agentes no Afeganistão. “O Paquistão reserva-se o direito de responder contra terroristas e seus líderes presentes no Afeganistão”, declarou o exército em nota.
A Índia nega qualquer envolvimento com o Talibã paquistanês, que também negou a autoria do ataque à academia militar. O grupo é aliado do Talibã afegão e foi “encorajado” a “intensificar os atos terroristas domésticos no Paquistão” após o retorno dos talibãs ao poder em 2021, segundo o Conselho de Relações Exteriores.
Em resposta aos recentes ataques, o primeiro-ministro Shehbaz Sharif afirmou que os responsáveis seriam “capturados e responsabilizados” e classificou o assassinato de civis desarmados como “repreensível”. “Não permitiremos que o sangue de paquistaneses inocentes seja derramado em vão”, declarou o chefe de governo, conforme informou o The Christian Post.








































