Um psicólogo clínico licenciado que atua nos Estados Unidos afirmou que pacientes que procuram ajuda para lidar com atrações indesejadas pelo mesmo sexo devem ter o direito de definir seus próprios objetivos terapêuticos. Segundo ele, essa abordagem, centrada na autonomia do paciente, deveria ser considerada com mais atenção nos debates da psicologia contemporânea.
O psicólogo Joseph Nicolosi Jr., que trabalha na Califórnia e preside a organização sem fins lucrativos Reintegrative Therapy Association, declarou que seus pacientes buscam viver de forma coerente com seus valores pessoais. “Os pacientes merecem o direito de escolher seus próprios objetivos terapêuticos”, afirmou. “São pessoas cujo objetivo é viver uma vida coerente com seus valores, inclusive no que diz respeito à sua sexualidade.”.
Nicolosi ganhou maior visibilidade neste mês após o comentarista político Milo Yiannopoulos mencionar sua abordagem terapêutica durante uma conversa com Tucker Carlson. O tema surgiu no contexto de debates públicos recentes sobre identidade sexual, especialmente após Carlson questionar a ideia de que a homossexualidade seria exclusivamente determinada desde o nascimento, citando o aumento de jovens que se identificam como LGBT no Ocidente.
Durante a conversa, Yiannopoulos afirmou que passou a interpretar suas próprias inclinações homossexuais como associadas a experiências traumáticas da infância. Ele relatou ter sofrido abuso sexual e afirmou que, por muitos anos, considerou seus comportamentos sexuais como prejudiciais à sua vida espiritual. Yiannopoulos descreveu a abordagem defendida por Nicolosi como um caminho mais estruturado para lidar com essas questões, ao invés de tentativas pessoais que, segundo ele, lhe causaram sofrimento.
Ao comentar sua prática clínica, Nicolosi explicou que a terapia reintegrativa utiliza métodos semelhantes aos de abordagens focadas em trauma, como a Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR), desenvolvida originalmente para o tratamento do transtorno de estresse pós-traumático. “Utilizamos tratamentos para traumas para ajudar os clientes com memórias e conflitos não resolvidos do passado”, afirmou.
Segundo Nicolosi, muitos de seus pacientes relatam experiências de solidão na infância, dificuldades de identificação com outros meninos e sensação de rejeição ou falta de aprovação masculina. Ele afirmou que esses relatos são recorrentes em seu consultório. “Essa é uma história que ouço praticamente todos os dias”, disse.
Em exemplos apresentados em vídeos institucionais, Nicolosi descreve como auxilia pacientes a observar a excitação sexual sem julgamento imediato, buscando compreender sentimentos subjacentes relacionados à autoestima, vergonha ou inadequação. Para ele, além da aceitação irrestrita ou da repressão, existiria uma terceira possibilidade terapêutica: a análise consciente da experiência emocional associada à atração.
Nicolosi também mencionou a influência de seu pai, Joseph Nicolosi Sr., falecido, que se tornou conhecido por seus estudos sobre homossexualidade. Segundo ele, o pai observava padrões comportamentais semelhantes entre homens que buscavam ajuda, como ansiedade e postura defensiva, associadas a dificuldades nos relacionamentos com outros homens.
No campo jurídico, Nicolosi participou recentemente como amicus curiae no caso Chiles v. Salazar, que tramita na Suprema Corte dos Estados Unidos e discute a constitucionalidade de leis estaduais que proíbem a chamada “terapia de conversão” para menores. Ele argumenta que essas leis são vagas e podem restringir práticas psicoterapêuticas legítimas, ao não distinguirem entre tentativas diretas de mudar a orientação sexual e terapias focadas no tratamento de traumas, nas quais mudanças podem ocorrer de forma indireta.
Nicolosi afirmou que, em alguns países, como o Canadá, legislações semelhantes preveem sanções criminais contra profissionais que adotem abordagens não afirmativas. Para ele, o debate tem sido impulsionado por decisões políticas. “Acredito que esse tema está sendo imposto a nós por políticos”, disse, ao comentar a ampliação do alcance dessas normas.
Ao abordar a possibilidade de mudança, Nicolosi afirmou que não defende resultados garantidos ou uniformes. Segundo ele, as transformações, quando ocorrem, tendem a ser graduais e variam de pessoa para pessoa. “Ninguém pode garantir um resultado”, afirmou. “Mas mesmo uma pequena variação pode ser muito útil para algumas pessoas”.
Embora se identifique como cristão, Nicolosi disse que sua prática não é restrita a um público religioso específico. Segundo ele, muitos de seus pacientes são judeus, cristãos, muçulmanos ou seguidores de outras tradições religiosas, que desejam alinhar suas vidas aos valores que professam. “Respeitá-los significa respeitar a liberdade que eles têm de buscar seus objetivos”, afirmou, segundo o The Christian Post.
Por fim, Nicolosi declarou que observa um interesse crescente de profissionais pela terapia reintegrativa, inclusive em aplicações relacionadas a outros comportamentos considerados indesejados. Ainda assim, ele afirmou esperar resistência contínua dentro da comunidade psicológica. “Há uma grande demanda”, disse. “Existem listas de espera longas, tanto de terapeutas interessados quanto de pessoas que buscam ajuda”.









































