O pastor Pedro Pamplona publicou uma avaliação sobre a discussão recorrente entre cristãos a respeito de filmes e séries de terror e o suposto impacto dessas obras no mundo espiritual.
Na exposição, o pastor da Igreja Batista Filadélfia em Fortaleza (CE), abordou a pergunta “ter contato com obras de terror abre portais ou dá legalidade para o diabo agir nas nossas vidas?” e situou o tema no contexto da popularidade de produções como a série Stranger Things, da Netflix, que retrata monstros, possessões e “portais” como elementos centrais da narrativa.
Pamplona afirmou que a Bíblia descreve diversas situações de atuação de Satanás e de demônios contra pessoas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, mas disse não encontrar respaldo bíblico para a ideia de que obras culturais, por si, “abram portais” ou concedam “legalidade” espiritual. Ele organizou sua argumentação em três observações, a partir do que chamou de uma leitura dos casos de opressão ou ação demoníaca nas Escrituras.
A primeira observação apresentada por ele foi a de que, em muitos episódios, especialmente nos relatos de endemoninhados durante o ministério de Jesus, não aparece uma causa explícita para a condição das pessoas. Ele disse que, nesses casos, não há explicação textual indicando o motivo pelo qual os demônios estavam agindo.
Na segunda observação, Pamplona declarou que, quando a Bíblia aponta causas, a explicação “quase sempre” envolve o pecado. Ele citou exemplos como Saul em 1 Samuel 16, Acabe em 1 Reis 22 e um episódio envolvendo os filhos de Ceva em Atos 19, apresentando o pecado como o principal fator associado à influência de Satanás sobre a vida humana.
A terceira observação, segundo ele, é a presença de casos em que a atuação de Satanás aparece vinculada a um propósito divino, com Deus permitindo ou utilizando a ação do adversário dentro de um contexto específico. Pamplona mencionou Jó como o exemplo mais conhecido e voltou a citar Acabe como um caso em que essa dinâmica também apareceria no texto bíblico.
A partir desse conjunto, o pastor afirmou que a noção de “portais” ligados ao consumo de conteúdos culturais não aparece nas Escrituras. Ele atribuiu a disseminação dessas ideias ao que chamou de “movimento de batalha espiritual de terceira onda”, associado, em sua fala, a correntes ligadas ao neopentecostalismo brasileiro e a doutrinas que, segundo ele, aproximariam o cristianismo de elementos de esoterismo e misticismo.
No argumento, Pamplona disse que, quando a Bíblia trata de “dar lugar ao diabo”, o tema está ligado ao pecado, e não ao contato com produções artísticas. Ele citou Efésios 4:27 como o texto bíblico que menciona “dar lugar ao diabo”, relacionando a passagem à “ira pecaminosa”, prolongada e não tratada. Para ele, a preocupação central do cristão deveria ser com pecados não confessados e uma vida mantida no pecado, e não com filmes, séries ou livros.
Ao mesmo tempo, Pamplona indicou critérios práticos de cautela. O primeiro ponto foi a possibilidade de uma obra ser “pecaminosa em si”, citando conteúdos pornográficos ou “semi-pornográficos” como exemplos do que, em sua avaliação, não deveria ser consumido. O segundo ponto foi o risco de determinadas obras levarem ao pecado, por ensinarem, exaltarem ou incentivarem comportamentos que ele descreveu como errados, o que, segundo sua fala, poderia influenciar escolhas pessoais e abrir espaço para quedas morais.
O terceiro ponto destacado foi o efeito emocional de produções de terror. Pamplona afirmou que o conteúdo pode gerar medo excessivo, com possibilidade de trauma, e avaliou que esse medo pode ser explorado como forma de opressão espiritual. Ele recomendou atenção especial a pessoas que se considerem mais sensíveis a esse tipo de conteúdo.
Na parte final, o pastor orientou que avaliações sobre consumo de filmes e séries não sejam transformadas em regras universais impostas a todos, apontando a necessidade de discernimento individual conforme “condição” e “fraquezas” pessoais.
Ao final, concluiu com um chamado a estudar o tema da batalha espiritual a partir das Escrituras e a buscar uma vida de santidade, citando 1 João 5:18: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado, porque quem é nascido de Deus guarda a si mesmo e o maligno não pode tocar nele”.








































