A crescente conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem motivado comunidades religiosas no Brasil a revisar suas dinâmicas para garantir acessibilidade para pessoas com autismo. O objetivo é proporcionar uma experiência espiritual segura e acolhedora para crianças, adolescentes e suas famílias.
Um exemplo recente ocorreu durante um batismo na Igreja Assembleia de Deus Brás, em São Caetano do Sul (SP). Adriel, um adolescente autista de nível 3, demonstrou receio ao se aproximar do tanque batismal.
O pastor Marcos Dias, percebendo a ansiedade do jovem com autismo, desceu com ele as escadas e adentrou a água primeiro, oferecendo um abraço e transmitindo segurança. Após esse gesto, o jovem conseguiu prosseguir com o ritual, concluindo seu batismo.
Estratégias para uma Inclusão Efetiva
Aline Santos, pastora de inclusão da Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro, afirma que o trabalho começa pela preparação interna da congregação.
“É preciso conscientizar quem já está na igreja — do pastor ao jovem que atua no estacionamento”, explica. Ela, que também é autora de livros sobre inclusão na igreja, defende que a formação da equipe e o conhecimento sobre o TEA são fundamentais antes de se criar programas específicos.
Um dos procedimentos iniciais sugeridos é o mapeamento das famílias da própria comunidade que já convivem com o autismo, para entender suas necessidades e adaptar o acolhimento.
Ferramentas para Reduzir a Ansiedade
Entre as estratégias práticas, Aline Santos destaca a previsibilidade como elemento crucial. A utilização de um “relógio de previsibilidade”, que ilustra visualmente a sequência das atividades do culto (louvor, oferta, mensagem, etc.), ajuda a criança a compreender a estrutura do evento e a se sentir segura, sabendo que será reunida com a família ao final.
Outro pilar é a adaptação pedagógica. A transmissão de conteúdos bíblicos para crianças no espectro exige uma linguagem simples, objetiva e acompanhada de suportes visuais, evitando abstrações.
Fundamento na Ética Cristã
Para a pastora, técnicas e recursos são importantes, mas o alicerce deve ser o amor prático. Ela cita o exemplo bíblico do rei Davi, que acolheu Mefibosete à sua mesa, um gesto que desafiou as convenções da época. “Incluir não é colocar a pessoa num canto da igreja; é dividir a mesa, conviver, fazer dela parte da família em Cristo”, finaliza. Com: Comunhão.







































