Mais de 380 milhões de cristãos sofrem algum tipo de perseguição religiosa ao redor do mundo. Esta realidade evidenciada na Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2025 lançada pela Missão Portas Abertas. O relatório chama a atenção da Igreja Livre para os 50 países, onde é mais difícil para o cristão viver.
Dentre eles, quatro estão localizados na América Latina: Cuba (26ª), Nicarágua (30ª), México (31ª) e Colômbia (46ª). “A maioria dos nossos irmãos na América Latina não conhece a situação de perseguição no nosso continente”, afirma Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas.
“É uma surpresa quando falamos de países de maioria cristã, como o México, que é um país livre, mas há regiões onde há forte perseguição aos cristãos, especialmente nas comunidades indígenas e onde operam os traficantes de drogas.”
Segundo o pastor Ruy Oliveira, líder global de DNA Missionário da Junta de Missões Mundiais, da convenção Batista Brasileira, e diretor de Missões da União Batista Latino Americana, é preciso olhar essa região com atenção no que diz respeito à perseguição religiosa.
Isto porque, no geral, a situação é um pouco diferente da enfrentada em outros países, especialmente quando há a presença de religiões dominantes, que são hostis ao cristianismo, e, principalmente, ao evangélico.
“No geral, as situações de perseguição estão atreladas a restrições governamentais, como vigilância e leis que dificultam o estabelecimento de igrejas em templos, ou ainda à ausência da própria autoridade legal, como no caso das regiões dominadas pelas milícias, forças paramilitares e o narcotráfico de maneira geral”, detalha o pastor Ruy.
Cuba
Em Cuba, de acordo com ele, as ações de perseguição se misturam às restrições governamentais a seus cidadãos. “As igrejas evangélicas podem se reunir e celebrarem seus cultos com certo grau de liberdade, mas desde que não se aborde temas considerados de justiça social ou crítico às autoridades do país.”
O pastor também destaca que, em Cuba, a geração nascida nas décadas de 70 e 80 ainda enfrenta a incerteza de quantos membros da igreja estão dispostos a relatar às autoridades qualquer situação que possa ser vista como uma violação da liberdade religiosa concedida pelo Estado.
As ‘casas culto’ são ainda o principal meio de se estabelecer novas igrejas, já que há restrições quanto à construção de novos templos. “Ao mesmo tempo, esta restrição tem sido o incentivo para a plantação de novas casas em todo o país”, comenta Ruy.
Ele menciona ainda que há uma intensa mobilização missionária em Cuba, o que gera a esperança de que, à medida que as políticas de viagens internacionais para os cidadãos cubanos se tornem mais flexíveis, será possível enviar missionários para além das fronteiras. Atualmente, isso é uma tarefa muito difícil.
“Em Cuba, observa-se o crescimento do número de pessoas que se declararam sem religião, o que aumenta o desafio de evangelização nos limites da ilha caribenha.”
Nicarágua e Colômbia
Apesar de ter uma grande população evangélica, a Nicarágua segue sob um regime com diversas ações de intimidação e restrição às ações religiosas. “Há igrejas, convenções e associações evangélicas denominacionais, mas há sempre o risco de algum tipo de intervenção nas organizações e instituições, como colégios, rádios e hospitais”, revela o pastor Ruy, que acrescenta: “O acesso ao país com um visto religioso não é algo fácil e sua liberação tem um caráter arbitrário, não seguindo regras claras.”
Na Colômbia, conforme Ruy, grande parte do que é considerado perseguição religiosa tem ocorrido principalmente nas chamadas zonas vermelhas, áreas controladas por traficantes e milícias paramilitares. “Nessas regiões, iniciativas evangélicas de plantação de igrejas, evangelização e discipulado são consideradas por vezes, uma ameaça ao recrutamento de jovens aos exércitos estabelecidos para o controle das regiões.”
México
Quanto ao México, o pastor revela que é um dos países da América Latina onde até os dias atuais apresenta relatos de perseguição religiosa, especialmente originada dentre os católicos, cujas tradições seguem muito fortes. “Há regiões no país consideradas não alcançadas, tendo em vista que possuem a presença de menos de 1%a 2% de cristãos evangélicos.”
Em território mexicano há também regiões onde o domínio do narcotráfico é uma ameaça às iniciativas missionárias de evangelização, alerta o pastor Ruy. “Assim, o discipulado e o desenvolvimento de projetos comunitários que possam dar oportunidades a moradores locais também sofrem riscos.”
Fonte: Comunhão