A operação de grande porte realizada por forças de segurança no Rio de Janeiro, nesta semana, contra narcoterroristas, tornou-se tema de discussão entre fiéis cristãos em plataformas digitais.
A ação, que resultou na morte de dezenas de traficantes e na captura de suspeitos vinculados a facções criminosas, como o Comando Vermelho, foi publicamente endossada por políticos de perfil conservador e por ministros religiosos, ao mesmo tempo em que atraiu questionamentos sobre a natureza das celebrações.
O ponto central da controvérsia reside na coerência de seguidores do cristianismo exaltarem a morte dos narcoterroristas. Parlamentares e pastores que manifestaram apoio incondicional à operação foram alvo de acusações de demonstrarem insensibilidade perante a perda de vidas.
A discussão online evidenciou uma reflexão mais ampla sobre os limites entre a aplicação da justiça e a prática da misericórdia.
A base doutrinária para os argumentos foi buscada em textos bíblicos. De um lado, citou-se passagens como a de Provérbios 11:10, que afirma:
“A cidade fica contente com o sucesso das pessoas honestas, e há gritos de alegria quando morre um homem mau”. Este versículo foi utilizado para embasar a posição de que a sociedade pode se alegrar com a restauração da ordem.
De outro, foram mencionados trechos como Romanos 12:21 — “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” —, os quais foram citados por usuários para defender uma postura de não violência e compaixão.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) se posicionou publicamente contra as críticas. “A esquerda que despreza o cristianismo só se lembra de Cristo quando pode usá-lo como escudo. Confundem misericórdia com permissividade, como se amar o pecador significasse absolver o crime”, declarou o parlamentar em sua plataforma digital.
Em sua argumentação, Ferreira recorreu a tradições teológicas para sustentar seu ponto de vista. “Desde Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, a Igreja ensina que a justiça é parte do amor: proteger o inocente é um ato de caridade, e punir o mal é restaurar a ordem que o próprio Deus instituiu. […] O cristão não celebra a morte, mas a vitória da ordem sobre o caos”, concluiu.
Passagens como Romanos 2:5-6, que diz: “Mas, por causa da tua teimosia e do teu coração obstinado, estás acumulando ira contra ti mesmo para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento. Deus ‘retribuirá a cada um conforme o seu procedimento’.”
E Romanos 13:4: “Pois é servo de Deus para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal”, também foram citadas para fundamentar o posicionamento dos cristãos face à morte dos narcoterroristas.
O embate sobre o tema, contudo, segue em curso nas redes sociais, refletindo uma divisão entre fiéis que enfatizam o acolhimento e o perdão e aqueles que priorizam o apoio incondicional às ações de segurança pública e a punição dos infratores.









































