Investigação aponta que jovem de 15 anos incentivou assassinato da família do namorado e acompanhou crime em tempo real
A adolescente de 15 anos suspeita de ter incentivado o namorado, de 14 anos, a matar a própria família em Itaperuna (RJ), prestou depoimento à polícia segurando um ursinho de pelúcia. O gesto chamou atenção dos investigadores, já que o objeto foi escolhido por ela na sala especial destinada a menores de idade, enquanto detalhava conversas que revelam participação ativa no planejamento do crime.
A oitiva foi realizada na Delegacia de Água Boa, em Mato Grosso, na última segunda-feira (30), com apoio de agentes especializados. A jovem chegou ao local acompanhada da mãe e respondeu a perguntas que integram as investigações conduzidas pela 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, no Rio de Janeiro, onde o triplo homicídio ocorreu.
Segundo o delegado Matheus Soares Augusto, titular da delegacia em Mato Grosso, o material extraído do notebook da adolescente revelou mensagens trocadas com o namorado momentos antes e durante o assassinato. “Após matar o pai, ele enviou um áudio dizendo ‘matei meu pai’, e ela respondeu: ‘atira nela agora’, referindo-se à mãe”, afirmou o delegado.
Planejamento frio e incentivo em tempo real
As mensagens revelam não apenas o incentivo direto, mas também a frieza com que o casal conversava sobre o crime. De acordo com a polícia, os dois discutiram como esconder os corpos e cogitaram matar a mãe da adolescente caso o namorado conseguisse chegar até ela, que estava em Mato Grosso.
A motivação para os assassinatos, segundo a investigação, teria sido o desejo do garoto de viajar até o estado para encontrar a namorada; algo que os pais haviam proibido. “O que se constatou é que a motivação era o desejo dele de vir e ficar com ela”, explicou o delegado Matheus Soares.
Família da jovem nega envolvimento
A mãe da adolescente prestou depoimento e afirmou não acreditar que a filha pudesse ter envolvimento no crime. Ela destacou o bom desempenho escolar da jovem e disse que a família mantinha um acompanhamento próximo da rotina dela. No entanto, as provas digitais obtidas pela polícia contestam essa versão.
A adolescente permanece apreendida na Delegacia de Água Boa, à disposição da Justiça. Já o namorado, autor confesso dos assassinatos, também está sob custódia. O caso segue sob investigação e causa comoção diante da brutalidade dos crimes cometidos por dois jovens com histórico escolar regular e sem registros anteriores de violência.
A polícia agora busca entender se houve algum tipo de influência externa sobre o casal ou se o crime foi totalmente premeditado pelos dois adolescentes.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação