O animador Tom Bancroft, responsável por personagens marcantes da história do cinema, afirmou que deixou sua carreira na Disney em razão de sua fé cristã. Ele foi o criador do dragão Mushu, em Mulan (1998), e trabalhou no desenvolvimento de Simba em O Rei Leão (1994), além de participar de outras produções como Tarzan (1999), Aladdin (1992), Irmãos Urso (2003), A Bela e a Fera (1991) e Pocahontas (1995).
Em entrevista à CBN News, Bancroft contou que ingressou na The Walt Disney Company em 1988 como estagiário durante a produção de A Pequena Sereia. Na época, ele estudava no Instituto de Artes da Califórnia. “Foi uma verdadeira bênção, mas eu senti o chamado [de Deus] naqueles anos. Eu consegui fugir durante um tempo, mas o chamado ficou mais forte”, declarou.
Segundo o animador, a decisão de deixar o estúdio ocorreu em 2000, quando percebeu mudanças na direção criativa da empresa que entravam em conflito com seus princípios bíblicos. “Eu honestamente vi a direção que a Disney estava tomando e eu me senti muito desconfortável com isso. Naquele momento, minha fé estava madura o suficiente para eu dizer: ‘Eu não preciso ficar aqui, mesmo que este seja o meu sonho’”, afirmou.
Naquele período, Bancroft estava prestes a assumir como animador principal em Lilo & Stitch (2002), após 13 anos de carreira na empresa. Ainda assim, pediu demissão. “Eu rompi com a Disney e senti que sabia exatamente para onde precisava ir. Deus me deu um novo sonho”, disse.
Logo depois, passou a integrar a equipe de VeggieTales, uma animação cristã infantil lançada nos Estados Unidos em 1993. Sobre a experiência, ele relatou: “Orávamos no início das reuniões e eu tinha acabado de sair de um estúdio onde não podia falar sobre minha fé nos corredores”.
Atualmente, Tom Bancroft atua em produções cristãs, projetos de animação bíblica como o filme Luz do Mundo, além de se dedicar à escrita e ao ensino.
Mudanças na Disney
Nas últimas décadas, a Disney passou a adotar personagens e narrativas fora dos padrões tradicionais de gênero e sexualidade em parte de suas produções. Esse movimento foi apontado por críticos como parte de uma agenda “woke” — termo em inglês que pode ser traduzido como “desperta” e é usado em referência a pautas progressistas.
Em abril de 2022, uma pesquisa do Trafalgar Group, em parceria com a Convention of States Action, mostrou que quase 70% dos entrevistados nos Estados Unidos afirmaram estar menos propensos a consumir produtos da Disney após reportagens destacarem o foco da empresa em incluir discussões sobre identidade sexual em conteúdos voltados para o público infantil.
As mudanças também tiveram impacto econômico. Ao longo do período em que intensificou essa linha de produções, a empresa registrou queda no valor de suas ações em comparação ao pico anterior, enquanto enfrentava críticas de grupos conservadores que a acusavam de promover uma agenda ideológica.