A escritora britânica J.K. Rowling, de 60 anos, conhecida mundialmente pela série Harry Potter, abordou publicamente suas crenças religiosas, sua visão sobre a fé e posições pessoais sobre temas sociais e políticos. As declarações foram feitas em uma publicação no X em resposta a uma pergunta sobre quais convicções ela havia mudado ao longo dos anos.
Rowling afirmou que convive com um “vácuo em forma de Deus” desde a adolescência. “Tenho lutado com a fé religiosa desde meados da adolescência”, escreveu. “Parece que tenho um vácuo divino dentro de mim, mas nunca consigo decidir o que fazer a respeito”. A autora acrescentou que essa questão permanece sem solução: “É por isso que provavelmente irei para o túmulo com essa questão pessoal em particular sem solução”.
A escritora destacou que, em sua vida, diversas opiniões foram revistas. “Eu provavelmente poderia listar pelo menos mais vinte coisas sobre as quais mudei de ideia”, disse. Entre as mudanças, ela citou a crença de que “a cannabis era essencialmente inofensiva”, o apoio ao “desarmamento nuclear unilateral” e a defesa da eutanásia. Sobre esta última, explicou: “Não acredito mais, principalmente porque sou casada com um médico [Neil Murray] que me abriu os olhos para a coerção de pessoas doentes ou vulneráveis”. Rowling afirmou ainda ter presenciado os impactos negativos do uso da cannabis na saúde mental de alguém próximo.
No campo social, Rowling destacou ter abandonado a ideia, que dizia ter nos anos 1990, de que a diferença entre homens e mulheres se devia apenas à socialização. “No começo dos meus vinte anos, eu acreditava que a diferença entre os sexos se devia inteiramente à socialização”, declarou. Segundo ela, estudos posteriores a levaram a rever essa posição.
Nos últimos anos, a autora se tornou uma voz de oposição à ideologia transgênero em debates públicos. Em 2020, reagiu a um artigo que usava a expressão “pessoas que menstruam” no título, comentando: “Tenho certeza de que costumava haver uma palavra para essas pessoas”, em referência ao termo “mulheres”. Na ocasião, acrescentou: “Se o sexo não é real, não há atração pelo mesmo sexo. Se o sexo não é real, a realidade vivida pelas mulheres em todo o mundo é apagada. Eu conheço e amo pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a capacidade de muitas de discutir suas vidas de forma significativa. Não é ódio falar a verdade”.
Rowling foi criada no anglicanismo e, segundo a revista britânica Premier Christianity, é atualmente membro da Igreja da Escócia. Apesar da polêmica que envolve suas declarações, a escritora manteve a posição de que sua fé permanece um enigma pessoal: “Suponho que esse seja o significado da fé, acreditar sem ver provas”.
I used to believe nurture was everything and that nature wasn’t important. My belief changed because of my own life experience and from reading studies about genetic inheritance.
In my early twenties I believed the difference between the sexes was entirely due to socialisation.…
— J.K. Rowling (@jk_rowling) September 12, 2025