Rachid Hammami, comentarista político e ex-muçulmano convertido ao cristianismo, tem denunciado sistematicamente a situação de perseguição religiosa enfrentada por comunidades cristãs em cinco países do norte da África. Conhecido como Irmão Rachid, o analista mantém um programa semanal na TV Alkarma onde aborda estas questões.
Em suas análises, Hammami destaca que nações como Argélia, Líbia, Egito, Tunísia e Marrocos, embora representem o “berço da teologia cristã primitiva”, transformaram-se em locais onde “a confissão de fé em Jesus Cristo pode significar prisão, exílio ou até mesmo a morte”.
Contexto Regional
Segundo o analista, a Argélia tem conduzido uma “campanha sistemática” contra o cristianismo, com o fechamento de mais de 40 igrejas desde 2017. Hammami cita o caso do pastor Youssef Ourahmane, condenado à prisão por “adoração não autorizada”, e critica a Portaria 06-03 de 2006 que, na prática, impede o funcionamento legal de igrejas protestantes no país.
Na Líbia, descreve uma situação onde “os crentes enfrentam o martírio literal por sua fé”, citando as confissões forçadas veiculadas pela Agência de Segurança Interna e lembrando a decapitação de 21 cristãos pelo ISIS em 2015.
Sobre o Marrocos, seu país natal, Hammami relata que entre 8.000 e 50.000 cristãos marroquinos “vivem inteiramente no subsolo”, praticando sua fé em igrejas domésticas. Destaca que a perseguição frequentemente vem de “próprias famílias e comunidades”, resultando em “divórcio, perda de custódia de crianças e ostracismo social”.
No Egito, aponta que aproximadamente 10 a 15 milhões de cristãos coptas enfrentam “leis discriminatórias” e cita casos de “conversão forçada e casamento de meninas coptas”, embora reconheça a “resiliência notável” da comunidade.
Quanto à Tunísia, Hammami expressa decepção com a regressão democrática sob o presidente Kais Saied, considerando que os cerca de 30.000 cristãos do país, incluindo 5.000 convertidos nativos, representam uma “minoria vulnerável”.
Perspectivas e Apelos
O analista avalia que a pressão internacional tem se mostrado “ineficaz” na região, sugerindo que o apoio mais substantivo vem de “ações diretas” como financiamento de redes subterrâneas e amplificação das vozes dos perseguidos.
Hammami conclui enfatizando a “fé resiliente” dos cristãos subterrâneos do norte da África, que “memorizam as Escrituras por não poderem possuir Bíblias” e praticam o perdão “mesmo diante da rejeição familiar”, apelando por solidariedade prática da comunidade cristã internacional.