O Colégio de Bispos da Igreja Metodista Unida (UMC, na sigla em inglês) na África reafirmou neste mês sua posição de que o casamento deve ser definido exclusivamente como a união entre um homem e uma mulher.
A declaração foi divulgada após reunião oficial realizada em Luanda, Angola, no início de setembro, reunindo bispos de diferentes regiões do continente.
Na seção intitulada Compreensão Bíblica do Casamento, os bispos africanos reiteraram sua defesa do modelo tradicional de matrimônio, citando Gênesis 2.24 e Mateus 19.5. “Defendemos nossa compreensão teológica e cultural de longa data de que o casamento é uma aliança sagrada entre um homem e uma mulher, de acordo com as Escrituras”, afirmaram. Segundo o documento, essa visão está em consonância com convicções bíblicas, tradições africanas e legislações nacionais.
Os líderes destacaram também o compromisso de manter e ensinar uma “ética sexual cristã holística, enraizada nas Escrituras e no discipulado”. A posição foi reforçada apesar da decisão da Conferência Geral da UMC de 2024, quando a denominação global votou pela remoção da proibição de abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Apoio à regionalização
O documento incluiu ainda apoio à proposta de regionalização da UMC, que daria autonomia para que órgãos regionais estabeleçam regras próprias sobre casamento e ordenação de homossexuais não celibatários.
“Acreditamos que a regionalização é um caminho fiel e estratégico a seguir — permitindo que cada região exerça o ministério de maneiras que reflitam seu contexto cultural, social e teológico”, destacaram os bispos.
A declaração também celebrou a eleição de nove novos líderes episcopais africanos e recebeu a assinatura de 14 bispos ativos e três bispos aposentados. O encontro, que reuniu colégios de bispos das áreas Oriental, Central, Meridional e Ocidental da África, foi noticiado pela agência UM News.
Recentes divisões
A UMC debate há décadas alterações em seu Livro de Disciplina envolvendo casamento entre pessoas do mesmo sexo, ordenação de homossexuais não celibatários e financiamento de grupos de defesa LGBT. Historicamente, os delegados africanos tiveram papel decisivo na rejeição de propostas consideradas progressistas, segundo o The Christian Post.
Em 2024, após a saída de mais de 7 mil igrejas, em sua maioria conservadoras, a Conferência Geral aprovou mudanças que incluíram a retirada da declaração de que a homossexualidade seria “incompatível com o ensino cristão”. Como reação, a Conferência da Costa do Marfim, com cerca de 1 milhão de membros, votou por deixar a denominação.
Na Libéria, a disputa permanece em andamento. Grupos dentro da Área Episcopal tentaram alinhar a conferência à Igreja Metodista Global (GMC). Em agosto, porém, um tribunal local decidiu que a UMC, e não o grupo dissidente, era a legítima proprietária de várias propriedades da igreja no país.