A ação audaciosa com uniformes, armamento pesado e um sequestro denuncia a fragilidade da segurança em áreas remotas de Rondônia.
Logo nas primeiras horas da manhã, o susto tomou conta da família. Imagine o choque: homens vestidos como policiais civis, com vozes firmes, engrenagens de autoridade… e de repente, seu ente querido é arrancado, como se fosse parte de uma missão oficial, mas na verdade tudo era uma encenação. Foi exatamente isso que aconteceu com o empresário do frigorífico no vilarejo de São Domingos do Guaporé, distrito de Costa Marques (RO), numa manhã que começou com rotina e se transformou em pesadelo.
Na manhã de domingo, às 6h15, cinco homens encapuzados chegaram ao estabelecimento às margens da BR-429 usando roupas pretas com a inscrição “Polícia Civil”. Logo em seguida, cortaram o fornecimento de energia, invadiram o local, agrediram funcionários e amarraram as vítimas com braçadeiras plásticas, antes de sequestrar o empresário e forçá-lo a embarcar em um veículo não identificado.
A farsa que confundiu até moradores
A valorização do crime se dá por detalhes: os criminosos usaram vestes semelhantes às de agentes públicos, balaclavas cinzas para ocultar a identidade, além de arma de fogo; incluindo espingarda calibre 12 e armas curtas, o que reforça a organização do ataque. A própria comunidade, ao receber vídeos ou relatos, chegou a pensar que se tratava de uma operação legítima da Polícia Civil de Rondônia, o que mostra como estas fardas falsas geram uma vulnerabilidade extra ao cidadão.
Resposta institucional e repercussões
A Polícia Civil rapidamente divulgou nota oficial afirmando que não havia qualquer operação no local e que os autores eram falsos agentes. As equipes das delegacias de Costa Marques e São Francisco do Guaporé iniciaram diligências para localizar a vítima, identificar os criminosos e efetuar prisões. O fato de terem usado a farda “Polícia Civil” torna o crime ainda mais grave, pois mina a confiança pública nas instituições de segurança.
O que isso revela sobre a segurança em distritos remotos
Casos como esse ressaltam a fragilidade da proteção em localidades mais isoladas, onde a estrutura policial muitas vezes é precária, o acesso rápido da polícia é difícil e a aparência de autoridade pode gerar confusão e medo. Quando criminosos exploram isso, o impacto social vai muito além do empresário sequestrado: atinge a percepção de segurança e a vida cotidiana da comunidade.
Aconteceu com aquele que sustenta a família, com o empresário que movimenta o comércio e gera emprego no distrito e que pode acontecer com qualquer outro. Por isso, mais importante do que a ação em si, é o alerta: comunidade, poder público e organizações civis precisam reforçar vigilância, identificar fardas falsificadas, treinar denúncias rápidas, além de ampliar a presença real de agentes. Só assim a sensação de impunidade não cresce mais rápido do que o crime.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação







































