A ajuda de um pastor em Guarapuava, no Paraná, foi decisiva para que um idoso de 65 anos, em situação de rua, reencontrasse a família após mais de três décadas.
João Luiz Ferreira Belo vivia em situação de rua em Sorocaba, no interior de São Paulo, e chegou a passar pelo Serviço de Obras Sociais (SOS). Após anos sozinho, acreditava que não tinha mais família.
No entanto, tudo começou a mudar em maio de 2025, quando foi internado em estado grave no Hospital Santa Lucinda. A partir do envolvimento da equipe do hospital e a ajuda de um pastor, João foi surpreendido com o reencontro com os familiares.
O hospital informou que o quadro clínico de João era grave, incluindo pneumonia, encefalopatia e infarto. Além disso, ele apresentava agitação e confusão mental e, assim como em outras passagens por unidades de saúde de Sorocaba, o idoso não conseguia fornecer informações básicas, como endereço ou dados sobre a família.
Com isso, a equipe do Hospital Santa Lucinda acionou a direção e o setor jurídico: “Fizemos buscas exaustivas por todos os meios e conversamos até com um antigo vizinho, que relatou que João não vivia mais no bairro desde a morte da companheira, havia muitos anos”, disse Rosana Pimenta, assistente social e coordenadora do Grupo de Trabalho de Humanização do hospital, ao g1.
O reencontro da família
À medida que João melhorava, ele começou a recuperar algumas memórias, entre elas, o nome de uma filha. A partir disso, a equipe do hospital iniciou as buscas, mas logo descobriram que a filha já havia falecido.
Porém, eles não desistiram: “Apostamos em uma última tentativa nas redes sociais. Localizamos um possível sobrinho, mas ele não respondeu. Observamos que ele frequentava uma igreja em Guarapuava, no Paraná, e entramos em contato com o pastor local”, explicou Rosana.
Em 10 de junho, 18 dias após a internação, veio a confirmação. O pastor atuou como intermediário e, com sua ajuda, foi possível confirmar a identidade de João e localizar suas filhas, que não viam o pai há mais de 35 anos.
A assistente social destacou que, a partir desse momento, a prioridade era reunir a família: “Fizemos uma videochamada e, imediatamente, as filhas reconheceram o pai”.
As filhas de João, Sandra e Solange Belo foram localizadas: “A gente achava que ele estava morto”, disse Sandra, emocionada, durante a chamada de vídeo.
João, que não se lembrava de informações sobre a família, descobriu que, além das filhas, tem 25 netos e vários bisnetos.
“Isso é um milagre de Deus”, afirmou ele emocionado.
João Luiz no dia em que recebeu alta. (Foto: Reprodução/g1)
Dois dias depois, em 12 de junho, João recebeu alta, lúcido e decidido a deixar as ruas. A neta, Kauani Belo, foi buscar o avô no hospital e percorreu mais de 500 quilômetros para reencontrá-lo.
“Foi um reencontro cheio de afeto, memórias e esperança. Que seja o recomeço de uma nova fase entre eles. Família é isso: mesmo longe, o laço nunca se desfaz”, concluiu Rosana, que observou que o caso foi um dos mais marcantes em seus 25 anos de carreira.
