Uma ação judicial movida no Tribunal Distrital dos Estados Unidos na Califórnia reacendeu o debate sobre a segurança de menores em plataformas digitais interativas, os populares aplicativos.
O processo, protocolado pelo escritório Dolman Law Group em nome de um adolescente identificado como “John Doe JH”, alega que a empresa por trás do jogo Roblox criou uma “falsa fachada de segurança”, permitindo que predadores sexuais tivessem acesso facilitado a crianças.
A denúncia, detalhada em documentos judiciais, descreve a plataforma como um “campo de caça” para tais criminosos devido a supostas falhas graves nos sistemas de triagem e monitoramento. O texto afirma que, “como resultado direto do descaso imprudente do réu pela segurança da criança, o autor sofreu um trauma psicológico devastador e que alterou sua vida para sempre”.
Segundo a petição, o adolescente era um usuário assíduo do jogo em 2023 quando foi abordado por um adulto que se passava por menor. A ação descreve o uso de “táticas de aliciamento bem documentadas”, também praticadas através de aplicativos, incluindo o envio de imagens sexualmente explícitas ao menor e a coerção para que este compartilhasse fotos íntimas.
“Explorando a confiança que lhe foi permitida construir por meio do aplicativo defeituoso do réu, o predador coagiu o autor a enviar imagens sexualmente explícitas de si mesmo”, afirma o processo, que requer indenização por danos físicos, emocionais e despesas médicas.
Posicionamento da Empresa
Em resposta a um pedido de posicionamento do The Christian Post, um porta-voz da Roblox Corporation declarou: “Estamos profundamente preocupados com qualquer incidente que coloque nossos usuários em perigo. Embora não possamos comentar sobre alegações apresentadas em processos judiciais, a proteção das crianças é uma prioridade máxima”.
A empresa afirmou que, apenas em 2025, lançou 145 novas iniciativas de segurança. Entre elas, destacou um sistema de verificação de idade por reconhecimento facial ou documento de identidade, necessário para ativar a função de bate-papo entre usuários da mesma faixa etária.
“Essa inovação permite o bate-papo baseado em idade e limita a comunicação entre menores e adultos”, explicou o porta-voz. A companhia também citou o uso de tecnologia avançada de moderação, que opera 24 horas por dia.
Críticas de Especialistas e Casos Similares
Especialistas em segurança digital contestam a eficácia das medidas em sites e aplicativos voltados para menores. Tim Nester, vice-presidente de comunicações do Centro Nacional de Exploração Sexual dos EUA, argumenta que o processo atual se soma a mais de “30 outros” envolvendo a plataforma.
“Não há dúvida de que o recurso de bate-papo do Roblox permitiu que predadores aliciassem crianças para abuso sexual”, afirmou Nester. Ele também mencionou o acesso facilitado a conteúdos sexualmente explícitos e o sistema de moeda virtual como fatores de risco.
Casos reportados pela mídia norte-americana ilustram preocupações similares. Em 2023, a emissora WABC noticiou o sequestro de uma menina de 11 anos de Nova Jersey por um homem que ela conheceu no Roblox. No mesmo ano, a NBC News relatou o aliciamento e abuso de um menino de 13 anos em Utah, com contato inicial estabelecido através da plataforma.
Contexto e Recomendações de Segurança
Autoridades policiais e organizações de defesa de direitos digitais, como a SaferNet no Brasil, observam um aumento geral de casos de aliciamento infantil iniciados em ambientes de jogos online.
Especialistas recomendam que os responsáveis acompanhem ativamente o uso das plataformas pelas crianças, configurem restrições parentais disponíveis nos dispositivos e mantenham um diálogo frequente sobre os riscos de interação com desconhecidos na internet.
A verificação das configurações de privacidade nos aplicativos e a desativação de funções de chat com estranhos também são apontadas como medidas preventivas fundamentais.








































