Dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (24) indicam um aumento de 11,5% no número de pessoas com transtorno pelo uso de álcool (TUA) no Brasil. Entre adolescentes menores de 18 anos, o crescimento foi de 5,5% entre garotos e 7,1% entre garotas. A região Sul registra o maior índice de consumo, atingindo 71,4% da população adulta.
O Transtorno por Uso de Álcool é caracterizado por um padrão de consumo que causa prejuízos significativos, como aumento da tolerância à substância, sintomas de abstinência, dificuldade de controlar a ingestão e negligência de atividades importantes.
De acordo com o psicanalista e doutor em Dependência Química, Francisco Veloso, dois fatores centrais influenciam o crescimento entre adolescentes: a fácil acesso a bebidas sem fiscalização adequada e a falta de orientação familiar.
“Álcool é barato, você pode comprar em qualquer lugar, não se verifica mais a idade. Muitos copiam o estilo de vida dos pais, que também bebem”, afirmou Veloso.
Sobre o aumento entre o público feminino, o especialista citou a influência de redes sociais e mudanças nos padrões de vigilância parental. “A mídia passa uma ideia de que, com a bebida, a mulher fica mais bonita, independente, livre”, explicou.
Veloso alertou para as consequências do vício precoce. “O álcool é a droga que mais mata no mundo. O viciado morrerá mais cedo em todos os sentidos, tende a ficar violento e a consumir outras drogas”, disse. Ele também destacou o papel preventivo que comunidades religiosas podem exercer por meio de educação clara e orientação objetiva.
Os dados são da terceira edição do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), realizado pela Universidade Federal de São Paulo com 16.608 participantes e financiado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.
Orientações
Especialistas em dependência química e saúde pública recomendam as seguintes medidas para famílias que buscam prevenir o uso precoce e abusivo de álcool por adolescentes:
1. Estabelecer Diálogo Aberto e Contínuo
Conversar claramente sobre os riscos do álcool para o cérebro em desenvolvimento, desempenho escolar e saúde geral.
Utilizar dados concretos, como os 11,5% de aumento nos transtornos por uso de álcool no país, para embasar as conversas.
2. Definir Regras e Expectativas Claras
Estabelecer limites explícitos sobre o consumo de bebidas alcoólicas, incluindo a proibição para menores de idade.
Monitorar atividades, horários e companhias de forma equilibrada, conhecendo os ambientes frequentados pelos jovens.
3. Promover Alternativas Saudáveis
Incentivar a participação em esportes, atividades artísticas, projetos voluntários ou grupos comunitários que ofereçam ocupação positiva.
Reforçar a autoestima do adolescente por meio do reconhecimento de conquistas pessoais e acadêmicas.
4. Supervisionar a Exposição à Mídia
Discutir criticamente como propagandas e influenciadores digitais associam o álcool a ideias de diversão, beleza ou independência.
Alertar para a influência de amizades e contextos sociais que normalizam o consumo precoce.
5. Oferecer Exemplo Pessoal Consistente
Demonstrar comportamento responsável em relação ao próprio consumo de álcool, evitando mensagens contraditórias.
Mostrar formas saudáveis de lidar com estresse ou frustrações sem recorrer ao álcool.
6. Buscar Apoio Institucional quando Necessário
Participar de programas de prevenção em escolas, igrejas ou centros comunitários que abordem o tema de forma educativa.
Consultar profissionais de saúde mental (psicólogos, psiquiatras) para orientação sobre identificação de sinais de risco ou vulnerabilidade.
Contexto: Pesquisas como o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) da UNIFESP indicam que a combinação de fatores como acesso fácil, influência digital e permissividade familiar contribui para o aumento do consumo problemático entre adolescentes. A região Sul apresenta os maiores índices de prevalência no país. Com informações: Comunhão.