Organizações que defendem os direitos de cristãos perseguidos alertaram recentemente sobre o risco de vida que imigrantes cristãos deportados dos Estados Unidos podem enfrentar ao retornar aos seus países de origem.
Entre os deportados, muitos são originários de nações onde a perseguição religiosa contra cristãos é intensa, como Irã, Paquistão, Afeganistão, China e Uzbequistão.
De acordo com Jeff King, presidente da International Christian Concern (ICC), entre os 350 migrantes deportados para o Panamá no mês de fevereiro, ao menos 10 são iranianos que se converteram ao cristianismo após abandonarem o Islã.
Esses imigrantes, caso sejam enviados de volta ao Irã, enfrentam o risco iminente de perseguição severa, incluindo a pena de morte por apostasia, um crime grave segundo a lei islâmica da Sharia.
King explicou que os iranianos estão particularmente vulneráveis. “Se retornarem ao Irã, eles enfrentarão a pena de morte por apostasia, um crime grave sob a lei da Sharia”, afirmou em entrevista ao The Christian Post. Ele destacou ainda que, apesar de uma longa história cristã no Irã, os cristãos iranianos têm sido severamente perseguidos por décadas.
Intolerância brutal
A perseguição religiosa no Irã é notória e sistemática, com a legislação do país proibindo muçulmanos de mudar de fé. A conversão ao cristianismo é vista como um ato criminoso e pode levar à prisão, tortura ou até mesmo à execução.
A lei iraniana exige que todas as práticas e normas do país estejam alinhadas com os preceitos do Islã, tornando ilegal a propagação de qualquer religião que não seja o Islã. A pena de morte é frequentemente aplicada a quem insulta o Profeta Maomé ou é acusado de apostasia.
Apesar dessa grave situação, o Departamento de Segurança Interna dos EUA afirmou que os imigrantes deportados estavam nos Estados Unidos ilegalmente e que nenhum deles manifestou medo de retornar aos seus países de origem durante o processo de deportação.
No entanto, a International Christian Concern lembra que, de acordo com tratados internacionais, como a Convenção das Nações Unidas contra a Tortura, é proibido forçar o retorno de refugiados a países onde eles correm risco de perseguição.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também reforça que o direito internacional impede a devolução de refugiados para países onde possam ser perseguidos.
Nina Shea, diretora do Centro de Liberdade Religiosa do Hudson Institute, expressou preocupação com a situação. “Nossas práticas de asilo devem priorizar aqueles que fogem da perseguição religiosa”, afirmou ela.
Shea também defendeu que, com base no compromisso do ex-presidente Donald Trump de proteger a liberdade religiosa, esses cristãos iranianos não deveriam ser deportados.
Tony Perkins, ativista evangélico proeminente, fez um apelo semelhante, reconhecendo os esforços do governo dos EUA em proteger suas fronteiras, mas destacando a necessidade de proteger os cristãos que fugem de perseguições religiosas.
“Devemos utilizar programas eficazes de refugiados e asilo para proteger os crentes da repatriação para um perigo quase certo”, afirmou Perkins, segundo o The Christian Post.
O caso sublinha a situação crítica dos cristãos em muitos países, onde a conversão ao cristianismo é considerada um ato de rebeldia contra o Estado e a religião oficial, e onde, muitas vezes, a vida daqueles que optam por seguir outra fé é colocada em risco.