A denúncia do influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, sobre a exploração de crianças e adolescentes em plataformas digitais continua gerando reações institucionais e legislativas. Seu vídeo, com dezenas de milhões de visualizações, expôs práticas de adultização e sexualização de menores, centrando-se no caso do produtor de conteúdo Hytalo Santos.
Segundo a denúncia, Santos teria criado um formato de “reality show” com participantes infantojuvenis, incluindo cenas com linguagem sexualizada, danças sensuais em ambientes com álcool e exploração da imagem de adolescentes como Kamylinha, vinculada ao projeto dos 12 aos 17 anos.
“Ele é criador e publicador de cenas que expõem adolescentes com poucas vestes e em atitudes sugestivas”, declarou Felca no material.
Respostas institucionais:
O Ministério Público da Paraíba instaurou procedimentos investigatórios;
O Ministério Público do Trabalho apura violações trabalhistas;
O Instagram suspendeu perfis de Hytalo Santos e Kamylinha.
Movimento legislativo:
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), anunciou prioridade para projetos de combate à adultização infantil. “O vídeo do Felca chocou e mobilizou milhões”, afirmou. Paralelamente, a senadora Damares Alves (Republicanos) revelou que já havia denunciado Santos em dezembro de 2024: “Há muito que se investiga esse mercado macabro”.
ChildFund Brasil reage
Mauricio Cunha, presidente do ChildFund Brasil, citou uma pesquisa nacional indicando que 9 milhões de adolescentes já sofreram violência sexual online. “94% não sabem como denunciar”, destacou, reforçando a campanha “Os Monstros na Internet são Reais”.
“A erotização infantil nas redes sociais é um fenômeno muito preocupante e muitas vezes disfarçado de entretenimento. Coreografias, desafios e tendências aparentemente inofensivas podem carregar conotações adultas e expor crianças a riscos graves”, acrescentou Cunha.
O presidente da organização também destacou que os pais são responsáveis pela exposição dos filhos, algo que quando é negligenciado, faz com que os menores se tornem ainda mais vulneráveis às investidas dos criminosos.
“Criança é para ser criança. Criança é para ser protegida e, por isso, rejeitamos essa adultização ou erotização das nossas crianças”, enfatizou.
Laís Peretto, também da Childhood Brasil, enfatizou a necessidade de orientação familiar: “O olhar de adultos responsáveis é fundamental”, referindo-se à cartilha “Navegar Com Segurança”.
As iniciativas ocorrem no 35º aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), que não prevê regras específicas para crimes digitais. Cristiane Britto, ex-ministra e assessora jurídica dos Republicanos, esclareceu: “A proposta não restringe liberdade de expressão, mas pune quem monetiza a erotização infantil”.
A discussão mantém consenso sobre a necessidade de articulação entre poder público, plataformas, famílias e sociedade civil para proteger menores diante dos novos riscos digitais. Com informações: Comunhão.