Um novo relatório do Pew Research Center, sediado em Washington, sugere que a identidade religiosa da Grã-Bretanha está passando por uma transformação, com duas em cada cinco pessoas criadas como cristãs não se identificando mais com a fé.
Entretanto, enquanto a frequência tradicional à igreja está em declínio, o cristianismo continua a evoluir, encontrando novas expressões e comunidades na Grã-Bretanha moderna.
As descobertas destacam um afastamento da tradição religiosa, já que muitos agora se descrevem como ateus, agnósticos ou seguidores de outras crenças.
O estudo descobriu que 58% daqueles que frequentavam a igreja na infância agora dizem que não são mais cristãos, enquanto 57% dos britânicos não religiosos foram criados em lares cristãos.
Essa tendência se reflete nos números de frequência à igreja, com a congregação semanal da Igreja da Inglaterra caindo de 1,6 milhão na década de 1960 para 557.000 em 2023.
Dados do censo confirmam ainda mais essa mudança, mostrando um declínio naqueles que se identificam como cristãos, de 72% em 2001 para 46% em 2021.
A proporção de pessoas que declaram não ter religião aumentou para 37%, tornando-as o segundo maior grupo depois dos cristãos.
No entanto, apesar dessa aparente mudança em direção ao secularismo, o cristianismo continua profundamente enraizado na cultura, na ética e nos valores da Grã-Bretanha, continuando a moldar a vida pública e as tradições sociais.
Andrew Copson, diretor executivo da Humanists UK, logo viu os números da pesquisa de Washington como evidência de um distanciamento mais amplo da religião organizada: “A identidade religiosa tem sido pouco usada no Reino Unido há algum tempo. As estatísticas atuais, assim como as do Censo, mostram que a grande maioria da população que não acredita em deuses hoje se sente muito menos presa ao rótulo religioso de sua família, escola ou comunidade.”
No entanto, teólogos experientes argumentam que, embora a filiação religiosa formal possa estar mudando, a fé cristã em si não está desaparecendo, mas sendo expressada de novas maneiras.
A mudança no cenário religioso não é exclusiva da Grã-Bretanha, mas parte de uma tendência mais ampla em países ocidentais, incluindo Holanda, Suécia, Austrália, França e Espanha. Na Coreia do Sul, 43% dos que foram criados como cristãos abandonaram a religião, enquanto 7% se converteram a outra fé.
Em contraste, o cristianismo continua a prosperar em muitas partes do mundo. Nas Filipinas, Nigéria, Gana, Quênia e Sri Lanka, mais de 92% dos que foram criados como cristãos ainda se identificam com a fé. Na Hungria e na Polônia, as taxas de retenção cristã permanecem notavelmente altas, em 98% e 95%, respectivamente.
Apesar do declínio do cristianismo institucional na Grã-Bretanha, alguns grupos cristãos estão experimentando um crescimento significativo. Embora o anglicanismo continue sendo a maior denominação do país, as igrejas pentecostais tiveram um aumento de 25% em seguidores, com o cristianismo ortodoxo aumentando em 11% e os movimentos cristãos mais recentes se expandindo em 10%.
Grande parte desse crescimento — alguns líderes da igreja até falam de um “reavivamento” — está sendo impulsionado por gerações mais jovens e comunidades de imigrantes, demonstrando que o cristianismo não está desaparecendo, mas se adaptando para atender às necessidades espirituais de uma sociedade em mudança.
À medida que a Grã-Bretanha continua a evoluir, o mesmo acontece com seu cenário religioso. Os números sugerem que, embora o cristianismo institucional esteja em declínio, a fé pessoal e a exploração espiritual persistem em diferentes formas.
Ainda não se sabe se essa tendência sinaliza uma transformação permanente ou o potencial para um futuro ressurgimento religioso, mas está claro que a identidade religiosa do país está passando por uma mudança profunda.
Folha Gospel com artigo publicado originalmente em The Christian Today