Duas famílias evangélicas foram assassinadas dentro de suas casas em Guayaquil, maior cidade do Equador, em um intervalo de poucos dias. Os crimes ocorreram em Flor de Bastión, região noroeste da cidade, marcada pela atuação de grupos criminosos.
Na madrugada de 28 de agosto, Sixto Vega Arana, sua esposa e filha foram mortos a tiros, acusados de não pagar uma extorsão. O único sobrevivente foi o neto do casal, um bebê de um ano, que ficou sob os cuidados de familiares. Em 3 de setembro, outra família foi executada após ter a casa invadida. As vítimas foram o pai, de 66 anos, a mãe, de 63, e o filho, de 28. Até o animal de estimação foi morto durante a ação, que ocorreu pouco depois da 1h30, na Cidadela Rotaria.
Segundo o chefe de polícia do distrito de Nueva Prosperina, Roberto Pastor, mais de cinco indivíduos em motocicletas participaram do ataque. Em ambos os episódios, os criminosos abriram fogo contra as fachadas e invadiram as residências durante a madrugada, enquanto o bairro dormia.
Coincidências entre os casos
Nos dois massacres, as casas exibiam mensagens bíblicas nas fachadas. Em uma delas, a inscrição dizia: “Deus te abençoe, Cristo te ama”, junto ao trecho de Isaías 41:10: “Não temas, eu estou contigo. Eu sou o teu Deus, não tenhas medo. Eu te fortalecerei, sim, eu te ajudarei…”.
Na outra residência, havia duas placas com frases cristãs: “O sangue de Cristo tem poder” e uma passagem do Salmo 91:1: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”.
Esses versículos são frequentemente utilizados por fiéis como símbolos de fé e confiança em meio a situações de ameaça. Apesar da semelhança, as autoridades ainda não confirmaram se os ataques seguiram um padrão específico ou se foram coincidências, conforme informou o Evangelico Digital.
Violência em crescimento
De acordo com o Observatório Equatoriano do Crime Organizado, o Equador registrou 4.619 homicídios no primeiro semestre de 2025, o maior número já contabilizado no período. Em bairros como Flor de Bastión, moradores relataram estar sendo vítimas de extorsões e, por medo, abandonaram suas casas.
Na região, criminosos vinham exigindo o pagamento de “vacinas”, como são chamadas as cobranças impostas a moradores e comerciantes. Segundo relatos, uma das famílias evangélicas vinha sendo pressionada a pagar US$ 50.000 (cerca de R$ 270.500).