A pergunta sobre a existência de Deus acompanha a humanidade desde suas origens. Por séculos, a ciência foi considerada uma força oposta à fé, vista como incompatível com a ideia de um Criador divino. No entanto, dois matemáticos franceses, Olivier Bonnassies e Michel-Yves Bolloré, afirmam que a ciência moderna “se tornou aliada de Deus”.
Em seu livro Deus, a Ciência, as Provas – A Alvorada de uma Revolução, os autores reúnem contribuições de 62 ganhadores do Prêmio Nobel e mais de 100 cientistas reconhecidos internacionalmente. O objetivo, segundo eles, é apresentar descobertas científicas que oferecem evidências racionais da existência de um Criador.
Entre essas evidências estão o Big Bang, a complexidade do DNA e o ajuste preciso das leis que regem o universo. “Até recentemente, acreditar em Deus parecia incompatível com a ciência. Agora, inesperadamente, a ciência parece ter se tornado aliada de Deus”, escrevem os autores.
Início do universo
A teoria do Big Bang, atualmente aceita como a principal explicação científica para a origem do universo, propõe que tudo começou há cerca de 14 bilhões de anos, a partir de um ponto infinitamente denso e quente. Nesse instante, surgiram simultaneamente a matéria, o espaço, o tempo e a energia.
Muitos cientistas, como o físico Stephen Hawking, rejeitaram a hipótese de que o Big Bang tenha sido causado por uma inteligência superior. Contudo, Bonnassies e Bolloré argumentam que o evento “nos coloca cara a cara com a ideia de Deus”. Eles sugerem que a existência de um momento inicial absoluto, no qual o tempo e o espaço deixam de existir, aponta para a possibilidade de um ato criativo fora do tempo e da matéria.
“Se havia informação matemática antes do Big Bang, quem é o programador por trás desse código?”, questionam. Em 1965, os astrônomos de Nova Jersey Arno Penzias e Robert Wilson detectaram a radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB) — um eco térmico do nascimento do universo, considerada uma das principais confirmações da teoria. Desde então, nenhuma explicação alternativa obteve respaldo experimental.
Universo ajustado
A existência da vida na Terra depende de uma combinação extremamente específica de fatores, como a temperatura ideal, o campo magnético protetor, a proporção exata de oxigênio e a inclinação precisa do eixo terrestre. Além disso, o universo é governado por forças fundamentais — a força forte, a força fraca, a gravitacional e a eletromagnética —, todas calibradas com precisão matemática.
Os autores destacam que pequenas variações em qualquer uma dessas constantes tornariam impossível a existência do cosmos como o conhecemos. “Uma variação mínima, mesmo de uma casa decimal, teria produzido um universo irreconhecível”, observam. Essa constatação, conhecida como hipótese do universo ajustado, leva à reflexão sobre se tais parâmetros são fruto do acaso — algo estatisticamente improvável — ou resultado de um cálculo intencional de um Criador inteligente.
O DNA e o código da vida
A complexidade da vida também é apresentada como um indicativo de design. Há cerca de 4 bilhões de anos, a matéria inerte deu origem às primeiras formas de vida. Para os matemáticos, a improbabilidade desse “salto” é tamanha que o acaso não é suficiente para explicá-lo.
Em 1953, Francis Crick e James Watson descobriram a estrutura de dupla hélice do DNA, revelando um código genético universal. Décadas depois, em 2003, cientistas completaram o mapeamento do genoma humano, demonstrando que todas as células contêm um conjunto intrincado de instruções biológicas. Embora fosse ateu, Crick reconheceu que a formação espontânea de um sistema tão sofisticado seria “quase um milagre”.
Segundo Bonnassies e Bolloré, o DNA representa um sistema de codificação único e coordenado, que sugere a presença de um “designer inteligente”. Eles afirmam que a vida surgiu “no momento exato em que deveria surgir”, possivelmente por meio de leis naturais estabelecidas por Deus desde o princípio.
Teoria da relatividade
Entre 1905 e 1917, Albert Einstein formulou a Teoria da Relatividade, que transformou a compreensão da física ao demonstrar que tempo, espaço, matéria e energia estão interligados. A teoria afirma que a velocidade da luz é a única constante absoluta do universo, enquanto tudo o mais é relativo.
Alguns estudiosos traçam paralelos entre a luz e o divino — ambos descritos como constantes imutáveis. A Bíblia, em diversas passagens, afirma que “Deus é luz” e descreve o Criador como eterno, sem começo nem fim. Embora Einstein não tenha afirmado tal conexão religiosa, muitos interpretam sua teoria como compatível com a ideia de um Deus atemporal que transcende o universo físico.
A física quântica
No século XX, a mecânica quântica desafiou as leis clássicas da física ao revelar fenômenos que escapam à lógica convencional. Um exemplo é o emaranhamento quântico, no qual duas partículas permanecem interligadas mesmo a grandes distâncias.
O físico francês Alain Aspect, vencedor do Prêmio Nobel, demonstrou o fenômeno em laboratório, provando que partículas separadas por 12 metros pareciam se “comunicar instantaneamente”. Para Bonnassies e Bolloré, descobertas como essa indicam que “há um outro lado da realidade dentro da própria física”.
Segundo os autores, o caráter indeterminado da mecânica quântica oferece uma confirmação indireta da existência de Deus, ao enfraquecer o determinismo absoluto defendido por cientistas ateus do século XIX.
Ciência e fé
Os autores concluem que as evidências sobre a existência de Deus são “abundantes, claras e racionais”, sustentadas por descobertas empíricas e por argumentos baseados na razão. “Os traços das ações de Deus no universo são mais tangíveis do que qualquer hipótese sobre vida extraterrestre — e, ainda assim, a ciência parece dedicar mais esforço a buscá-la”, observam, de acordo com o Daily Mail.
“Estamos vivendo tempos extraordinários”, escrevem Bonnassies e Bolloré. “Embora essa mudança tenha passado despercebida pelo público, estamos no meio de uma revolução intelectual que redefine a forma como a ciência e a razão se relacionam com a questão da existência de Deus”.