Ação da Polícia Federal em Minas Gerais mira organização criminosa bilionária e atinge altos cargos da segurança e da mineração no país.
O Brasil acordou nesta quarta-feira (17) diante de um escândalo que expõe a fragilidade de instituições que deveriam zelar pelo interesse público. Em uma ofensiva que combina acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e crimes ambientais, a Polícia Federal prendeu nomes de peso, entre eles um ex-diretor da própria corporação e o atual diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM). A operação lança luz sobre um esquema que pode ter custado ao país bilhões de reais e, sobretudo, impactos irreversíveis ao meio ambiente.
Prisão de ex-diretor da PF
Rodrigo de Melo Teixeira, que ocupou a Diretoria de Polícia Administrativa da PF entre 2023 e 2025, foi preso em um desdobramento da operação. Ele havia sido nomeado pelo atual diretor-geral Andrei Rodrigues e chegou a ser o terceiro nome na hierarquia da cúpula da instituição. Sua prisão simboliza um duro golpe na imagem de uma corporação que há anos busca projetar credibilidade na luta contra o crime organizado e a corrupção.
Diretor da ANM também é alvo
A mesma operação levou à prisão do diretor da Agência Nacional de Mineração, Caio Mário Trivellato Seabra Filho. Advogado de formação e integrante da cúpula da ANM, ele é acusado de atuar de forma deliberada e coordenada para favorecer interesses privados ligados a uma organização criminosa que operava no setor de mineração. Outro nome ligado à agência, o ex-diretor Guilherme Gomes, também foi alvo de mandados.
A dimensão da operação
Deflagrada em Minas Gerais, a operação da PF cumpre 22 mandados de prisão preventiva e 79 de busca e apreensão. Além disso, determinou o afastamento de servidores públicos e o bloqueio de bens e valores que chegam a R$ 1,5 bilhão, envolvendo tanto pessoas físicas quanto empresas suspeitas. Até o momento, 15 pessoas foram presas, enquanto duas permanecem foragidas. O relatório policial cita 64 empresas como envolvidas no esquema.
Corrupção e destruição ambiental
De acordo com as investigações, o grupo criminoso não apenas movimentava recursos ilícitos, mas também deixava um rastro de danos ambientais ao explorar áreas de forma irregular. Para especialistas, o impacto vai muito além da esfera financeira: significa perda de ecossistemas inteiros, riscos à saúde de comunidades e um futuro ambiental comprometido.
Reflexo de um Brasil em alerta
As prisões de figuras de alto escalão da Polícia Federal e da ANM revelam a profundidade de um problema que corrói a confiança da população nas instituições. Quando aqueles que deveriam proteger os recursos naturais e garantir a aplicação da lei se tornam protagonistas de escândalos, a sensação de abandono se amplia. Mais do que punir culpados, esse caso exige reflexão: até quando o país suportará ver suas riquezas saqueadas e sua credibilidade arranhada por esquemas de poder e corrupção?
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/Serviço Geológico do Brasil e Agência Senado