Advogada afirma que menores e trabalhadores tinham acesso controlado a comida, banheiro e celulares.
O que era para ser um espaço de trabalho e criação de conteúdo se transformou, segundo relatos de ex-funcionários, em um ambiente “degradante”. A advogada de 12 ex-trabalhadores de Hytalo Santos detalhou à CNN nesta segunda-feira (18) condições que chocaram até os mais experientes no acompanhamento de casos de exploração e direitos humanos.
“O ambiente de trabalho era a própria casa do casal de influenciadores. Era um tratamento humano degradante, sobretudo para crianças e adolescentes, com restrição de acesso regular ao banheiro e à comida”, afirmou Rayanne Aversari Câmara.
Segundo ela, ex-seguranças também relataram manipulação de celulares de funcionários e de menores que residiam na casa, além de controle rigoroso sobre o que eles podiam ver e fazer. “O que eles presenciavam já era grave o suficiente e degradante”, completou a defensora.
Os relatos foram registrados em depoimentos ao Ministério Público do Trabalho na Paraíba. Segundo o MPT, Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, exploravam sexualmente menores para monetização de vídeos na internet. Conselheiros tutelares teriam visitado o local em mais de uma ocasião, mas as visitas não teriam surtido efeito.
As denúncias levaram à prisão preventiva do casal na última sexta-feira (15), em Carapicuíba (SP), cumprida com apoio da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil de São Paulo e Ministério da Justiça.
Em nota, os advogados de Hytalo e Israel afirmaram que ainda não tiveram acesso ao conteúdo da decisão e classificaram a prisão como “medida extrema”. A defesa reafirmou a inocência do casal e informou que avaliará a possibilidade de ingresso de Habeas Corpus, caso necessário.
“Assim que tivermos ciência dos fundamentos, adotaremos todas as medidas judiciais cabíveis para resguardar os direitos de Hytalo”, disseram os defensores.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação
Reportagem: CNN/Brasil