Brutalidade em elevador, operação cirúrgica da vítima e denúncias de violência institucional agravam o caso.
O horror começa no elevador: 61 socos dados com fúria em menos de 35 segundos. Juliana Garcia dos Santos, de 35 anos, tem o rosto desfigurado, três fraturas no rosto e mandíbula, e só conseguiu prestar depoimento dois dias depois, diante da gravidade e do choque vivido.
A agressão brutal transformou sua vida: “eu sabia que ele ia me matar”, disse em entrevista ao Fantástico, ressaltando que permaneceu no elevador para garantir que as câmeras registrassem o crime.
Indiciamento confirmado por tentativa de feminicídio
O autor da barbárie é Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, ex-jogador da seleção brasileira de basquete 3×3. A Polícia Civil do RN abriu investigação por tentativa de feminicídio. Juliana foi brutalmente ferida por ciúmes dele e passou por uma cirurgia de reconstrução facial de sete horas em um hospital público.
Toda a investigação considerou declarações da vítima e antecedentes de agressões anteriores: empurrões, violência psicológica e até incentivo ao suicídio, segundo depoimento da delegada Victorı́a Lisboa.
Agressões dentro da prisão: ele afirma que foi espancado
Desde o dia 1º de agosto, Igor está preso na Cadeia Pública Dinorá Simas em Ceará-Mirim (RN). Lá, ele registrou boletim de ocorrência relatando ter sido agredido por agentes penais: socos, chutes e spray de pimenta, inclusive após ser colocado nu e isolado em cela, com palavras duras como “chegou ao inferno”, segundo ele. A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou a apuração e enviou-o ao ITEP para exame de corpo de delito
Quem são eles
- Juliana (vítima): passou por cirurgia, está se recuperando e fala em empoderamento: “minha vida começou agora”. Acompanhará seu tratamento médico com apoio psicológico e acompanhamento periódico do SUS.
- Igor (agressor): estrela nacional do basquete, participou de competições internacionais e dos Jogos Olímpicos. Após o caso, desativou suas redes sociais e enfrentou processos anteriores por calote em ingressos de festival: dívida de R$ 1.200, incluía indenização por danos morais.
Uma tragédia que exige reflexão
Este caso escancara o impacto devastador da violência doméstica, especialmente quando reforçado por histórico de controle emocional e desvalorização da vida da mulher. Juliana esperava apenas ir embora de um churrasco, mas terminou hospitalizada e desfigurada no rosto. Igor, com talento esportivo reconhecido, agora lida com acusações criminais e relatos de violência institucional que, ainda que não o justifiquem, mostram como o ciclo da violência se expande.
Este é um alerta urgente à sociedade: denúncias de abuso não podem esperar. A única forma de frear a escalada de crimes contra mulheres é agir com coragem, apoio à vítima e justiça efetiva.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação