Mehran Shamloui, 37 anos, um ex-muçulmano convertido ao cristianismo, foi deportado da Turquia para o Irã em 15 de julho após tentar asilar-se na Europa. Sua prisão imediata ao desembarcar em Mashhad (nordeste iraniano) foi confirmada pela organização Middle East Concern, citando fontes locais.
O caso expõe a perseguição sistemática a ex-muçulmanos no país, revelando o quanto a comunidade cristã sofre nas mãos do regime totalitário islâmico local.
Em 8 de março de 2025, um Tribunal Revolucionário em Teerã condenou Shamloui a 10 anos de prisão e multa de 250 milhões de tomans (R$ 15,7 mil) por “propaganda contra a lei islâmica” e “vínculo com grupo de oposição”.
As acusações, normalmente associadas ao contexto político, decorrem de sua participação em uma igreja doméstica – prática considerada “ameaça ao Estado” pela República Islâmica. A sentença incluiu ainda 11 anos de suspensão de direitos civis, como acesso a emprego e saúde.
Operação e prisões
O ex-muçulmano Shamloui foi detido em novembro de 2024 com outros dois convertidos:
Abbas Soori, 48 anos: 15 anos de prisão;
Narges Nasri, 37 anos (grávida à época): 16 anos – sendo 10 por atividades cristãs e 5 por apoio ao movimento “Mulheres, Vida, Liberdade”.
Segundo a Artigo 18, agentes confiscaram Bíblias, cruzes e instrumentos musicais durante invasões a residências cristãs. Os três passaram por interrogatórios na Prisão de Evin (Ala 209), conhecida por torturas, e foram libertados provisoriamente em dezembro mediante fiança de € 17 mil cada (R$ 109,7 mil).
Em 23 de abril, o Tribunal de Apelação de Teerã rejeitou recursos da defesa, mas os três já haviam deixado o Irã. Enquanto Soori e Nasri permanecem em local não divulgado, Shamloui tentou rotas irregulares através da Turquia. Sua deportação ocorreu após detenção em Istambul por falta de documentação válida.
Cenário assustador
O Irã ocupa o 9º lugar na Lista Mundial de Perseguição da Portas Abertas (2025). Apesar da repressão, estimativas apontam crescimento de conversões ao cristianismo, com igrejas domésticas sendo os “únicos espaços seguros para prática da fé”, conforme a organização.
Após o bombardeio israelense à Prisão de Evin em 23 de junho, que motivou transferência de presos, o destino de Shamloui permanece desconhecido. “Igrejas caseiras são vistas como células subversivas pelo regime, pois desafiam o controle estatal sobre a fé”, analisou o relatório anual da Artigo 18.