A megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos e se tornou a mais letal da história do estado, reacendeu o debate sobre segurança pública e impactou a popularidade de Lula (PT), segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada em 12 de novembro.
O levantamento, realizado entre 6 e 9 de novembro com 2.004 brasileiros de 16 anos ou mais, mostra que 88% dos entrevistados defendem penas mais duras e 73% apoiam a classificação de facções criminosas como terroristas — tema que divide a base governista e a oposição. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Apoio popular
O desejo por ações mais severas é majoritário: 65% dos entrevistados apoiam o fim das visitas íntimas para presos ligados a facções, e 60% aprovam a PEC da Segurança Pública, proposta do governo que amplia o papel da União na formulação de políticas de segurança. O texto, porém, enfrenta resistência entre governadores.
Já 52% dos participantes defendem transferir a responsabilidade pela segurança pública ao governo federal, enquanto 46% são favoráveis à autonomia dos estados para definir suas próprias regras — índice próximo dos 48% que se opõem.
O levantamento também aponta rejeição ao armamento civil: 70% dos brasileiros se declaram contrários à facilitação do acesso a armas de fogo, contra 26% que apoiam.
Impacto político
A ação policial, que contou com participação das forças estaduais e federais, recebeu amplo apoio popular. De acordo com a Quaest, 67% dos entrevistados aprovaram a operação, enquanto 25% a reprovaram. Apesar disso, o episódio coincidiu com queda na avaliação positiva do governo.
A aprovação pessoal de Lula recuou de 48% para 47%, e a reprovação passou de 49% para 50%. Já a parcela que considera o governo “bom ou ótimo” caiu de 33% para 31%, enquanto a avaliação negativa subiu de 37% para 38%.
Desgaste de Lula
O desgaste foi intensificado pelas declarações do presidente sobre o tema. Durante viagem à Malásia, em encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula afirmou que “os traficantes também são vítimas dos usuários” — frase rejeitada por 81% dos entrevistados; apenas 14% concordaram e 5% não souberam responder.
Dias depois, em 4 de novembro, Lula voltou a se pronunciar e classificou como “desastrosa” a operação policial no Rio. A avaliação também foi negativa: 57% discordaram da fala, enquanto 38% concordaram e 5% não opinaram.
Segurança pública
A pesquisa aponta que a violência voltou a ser o principal problema do país para 38% dos brasileiros, índice superior ao de outubro, quando o percentual era de 30%.
A demanda por endurecimento penal, a pressão por medidas federais mais amplas e a reação às declarações presidenciais indicam um cenário em que segurança pública e política nacional se entrelaçam cada vez mais no debate público, segundo a análise da Quaest.







































