Um estudo conduzido pelo Family Research Council (FRC), em parceria com o Cultural Research Center da Arizona Christian University, revelou uma tendência crescente entre frequentadores de igrejas nos Estados Unidos: a percepção de que a Bíblia não oferece ensinamentos claros e decisivos sobre temas como homossexualidade e transgenerismo.
Os resultados foram divulgados em 14 de outubro de 2025, com base em uma amostra de 1.003 adultos que frequentam igrejas regularmente.
Segundo o relatório, apenas 47% dos entrevistados acreditam que a Bíblia é “clara e decisiva” sobre a moralidade da homossexualidade — uma queda significativa em relação aos 63% registrados em 2023.
Além disso, 26% consideram os textos bíblicos “ambíguos” sobre o tema, 16% entendem que a Bíblia “não aborda” a questão e 11% afirmaram não saber responder. Em relação ao transgenerismo, a percepção de clareza caiu de 52% em 2023 para 40% em 2025, enquanto 23% classificaram os ensinamentos como “obscuros”, 24% afirmaram que a Bíblia não trata do assunto e 11% declararam incerteza.
O estudo também examinou outras áreas da vida pública e moral. A maioria dos entrevistados (65%) afirmou que a Bíblia apresenta ensinamentos claros sobre o casamento, enquanto 59% disseram o mesmo sobre a liberdade religiosa. Já no tema do aborto, 51% afirmaram que a Bíblia tem posição clara — índice inferior aos 65% registrados dois anos antes.
O presidente do Family Research Council, Tony Perkins, pastor batista e ativista cristão em Washington, avaliou que os resultados refletem uma “necessidade urgente de ensino bíblico consistente”. Segundo ele, a Igreja precisa reforçar o discipulado e a formação doutrinária diante das mudanças culturais. “Muitos pastores e muitas igrejas não estão ensinando sistematicamente a Palavra de Deus. E é exatamente a isso que precisamos voltar”, afirmou.
Perkins observou que parte dos líderes evita tratar de temas sensíveis por receio de causar desconforto. “Alguns têm medo de ofender ou perder membros ao abordar questões controversas. O resultado é que isso cria um vácuo que acaba sendo preenchido pela cultura mais ampla e pela mídia”, disse. Para ele, o problema não é que os cristãos estejam “ouvindo o que é errado” nas igrejas, mas que “não estão ouvindo nada sobre esses assuntos”.
O pastor citou as igrejas Calvary Chapel como exemplo de congregações que mantêm um ensino bíblico sistemático. “Isso vem de Chuck Smith, que ensinava seus pastores a pregar a Bíblia. Assim, quando essas questões surgem, eles simplesmente lidam com elas”, afirmou. Perkins destacou que essas igrejas ensinam “livro por livro” e “cronologicamente”, o que, segundo ele, proporciona uma visão de mundo sólida e coerente.
O estudo, intitulado “Questões Sociais e Visão de Mundo”, aponta que a forma como as igrejas ensinam a Bíblia influencia diretamente a percepção moral e ética dos fiéis. Para os pesquisadores, a queda na confiança quanto à clareza das Escrituras em temas contemporâneos sugere que parte das congregações não tem comunicado de modo eficaz o conteúdo bíblico diante de um cenário cultural em constante transformação, de acordo com informações do portal The Christian Post.