Em uma declaração sobre o perfil do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, o pastor Geremias Couto destacou a formação religiosa do titular da AGU. Conhecido como uma das vozes mais proeminentes da Igreja Assembleia de Deus no Brasil, o autor descreveu Messias como “evangélico de raiz batista”, com uma trajetória consolidada na tradição protestante.
O pastor afirmou já ter ouvido o advogado-geral pregar e o considerou “comprometido com a fé”. Em sua avaliação, entre os nomes cotados para eventual vacancy, Messias “pode ser um ponto de equilíbrio pelo seu perfil evangélico”.
O pastor reiterou que a indicação para cargos de confiança é prerrogativa do presidente da República. “Se ele não for o indicado, outro será”, declarou, lembrando que a decisão final cabe exclusivamente ao chefe do Executivo, seguindo-se as etapas constitucionais de sabatina e votação no Senado Federal.
Geremias Couto não se manifestou sobre prazos ou negociações políticas em curso, limitando-se a defender que o processo respeite a hierarquia institucional e avalie o currículo do candidato. Segundo ele, o fator religioso de Jorge Messias agrega valor, mas não substitui os critérios técnicos e legais necessários para o exercício do cargo.
Polêmicas
Messias, segundo o Metrópoles, foi o escolhido por Lula para ocupar a vaga deixada pelo então ministro Luiz Roberto Barroso, que resolveu deixar o cargo no STF de forma antecipada, aos 67 anos, quando poderia deixá-lo apenas aos 75.
Aos 45 anos, Jorge Messias é graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília (UnB), tendo iniciado a sua carreira na AGU como procurador da Fazenda Nacional, em 2007.
O comentário do pastor Couto a respeito do atual AGU se mostrou uma surpresa para alguns dos seus seguidores nas redes sociais. Primeiro, por causa do vínculo do mesmo junto ao Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo, devido à fama como “Bessias”.
Isso se deve a um episódio que ganhou notoriedade nacional na época do então governo Dilma Rousseff. Jorge Messias, então um assessor, ficou conhecido publicamente pelo apelido “Bessias” após a divulgação de uma conversa telefônica, em 2016, entre a então chefe do Executivo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No diálogo, Dilma informava a Lula: “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”. A referência era a um termo de posse ministerial, que, na ocasião, era visto como um recurso legal para evitar a prisão de Lula.
O contexto era o de intensa disputa política durante os procedimentos que antecederam o impeachment de Dilma Rousseff. Na situação, Messias atuou como o portador do documento.
Anos depois, a trajetória dos envolvidos seguiu caminhos distintos. Lula foi preso, posteriormente liberado, e eleito presidente da República em 2022. Dilma Rousseff assumiu a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos BRICS. Jorge Messias, por sua vez, foi nomeado para o cargo de Advogado-Geral da União no governo Lula, devendo agora assumir um cargo de ministro no STF.