Uma igreja evangélica está usando a Inteligência Artificial (IA) para exibir personagens bíblicos durante seus cultos, em São Paulo.
A Assembleia de Deus em São José dos Campos se tornou pioneira entre as igrejas no Brasil ao utilizar a tecnologia.
Nos cultos, avatares de personagens da Bíblia, como Davi e Moisés, são projetados lendo passagens das Escrituras.
O projeto também já exibiu avatares dos pioneiros da Assembleia de Deus no Brasil, Daniel Berg e Gunnar Vingren.
“Nós pegamos uma gravação de áudio que existe com a voz do Daniel Berg e, usando IA, criamos um roteiro de fala para ele. Quanto ao Vingren, usamos a voz do seu neto para reproduzir as falas”, contou o líder da igreja, pastor André Câmara, à Folha de S.Paulo.
De acordo com Câmara, a ideia de usar a IA na liturgia surgiu com o propósito de mostrar que a nova tecnologia pode ser usada para o serviço na obra de Deus.
O pastor afirmou que a experiência imersiva aumentou o interesse dos fieis para estudarem mais a Bíblia e a história da denominação.
A igreja também criou uma assistente virtual inteligente, chamada “Léia: a assistente virtual da Bléia”. Ela responde perguntas sobre a Bíblia e sobre a denominação, e oferece conselhos.
Uso ponderado
Comentando sobre o uso de IA por igrejas, Jason Thacker, presidente de pesquisa em ética tecnológica da Igreja Batista do Sul, defendeu a utilização ponderada da tecnologia.
Para ele, “pastores sábios e virtuosos” não permitirão que a IA os impeça de criar suas próprias pregações.
“Mas também posso ver isso sendo usado de maneiras inúteis ou antiéticas. Alguns jovens pastores podem se tornar excessivamente dependentes dessas máquinas e não ver as imperfeições dessas ferramentas”, observou ele.
Já para Mark Sears, cientista de computação que trabalha com IA há uma década, a tecnologia pode se tornar a nova Torre de Babel.
“Na IA, Deus está nos dando uma nova ferramenta à medida que nos juntamos a ele na renovação de todas as coisas. E o inimigo usará isso para promover o pecado”.
Sears acredita que a IA tem potencial para o bem. No entanto, ele também destacou que os perigos da IA vão além do empoderamento humano.
“É uma tentativa de tentar criar à nossa própria imagem, replicando não apenas inteligência e mente, mas também coração, corpo e alma. Essa ambição de replicar a humanidade em forma artificial ecoa a arrogância dos construtores de Babel”, disse ele.
E continuou: “Há uma confiança crescente dos tecnólogos de que podemos criar uma superinteligência. Essa é uma tentativa de criar nosso próprio Deus — os aspectos oniscientes e onipresentes de Deus”.
IA como ferramenta na tradução de Bíblias
Já fora da liturgia do culto, a IA está acelerando a tradução da Bíblia, conforme a Wycliffe Bible Translators, uma organização que traduz a Palavra de Deus.
“Deus está usando isso para sua glória também. Então, temos uma nova ferramenta que está aqui há provavelmente um ano ou mais, que se um Novo Testamento foi traduzido, eles podem usar o material do Novo Testamento para carregar no software e ele irá redigir um Antigo Testamento em apenas alguns dias”, contou John Chesnut, presidente da Wycliffe, à CBN News.
A partir disso, os tradutores também têm acesso a equipamentos que podem ajudar a criar um alfabeto em lugares onde não existe nenhum.
“Temos outra ferramenta de IA que, onde não há nenhuma escritura ainda, reunirá palavras da comunidade e então usará isso para ensinar a plataforma a redigir a tradução também”, disse John.
Com a inovação, John acredita que o caminho para cumprir a Grande Comissão pode ser aberto mais cedo do que jamais se imaginou.
