Operação “Arur Betach”, da Polícia Civil, aponta que Izabela Paiva usou facção criminosa para vingar invasão à própria casa.
A sede por vingança levou uma influenciadora digital ao centro de uma das operações mais impactantes já deflagradas pela Polícia Civil de Rondônia. Nesta quarta-feira (15), a corporação prendeu Izabela Paiva, acusada de ordenar a tortura de dois homens por meio de uma facção criminosa após o furto de sua residência. A investigação revelou uma trama de violência, poder e arrogância; um caso em que a busca por “justiça com as próprias mãos” cruzou perigosamente os limites da lei.
A operação “Arur Betach”
A ofensiva policial, batizada de Operação Arur Betach, foi conduzida pela 1ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO 1), em Porto Velho, e cumpriu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão.
Segundo as investigações, Izabela Paiva, que estava fora do estado quando o furto ocorreu, teria acionado integrantes de uma facção criminosa para localizar e castigar os supostos autores do crime. O objetivo seria duplo: recuperar os bens roubados e impor punição física, configurando um ato de tortura.
Em vez de recorrer às autoridades, a influenciadora teria decidido agir por conta própria, ignorando o caminho da Justiça e ordenando uma represália violenta. Para os investigadores, a motivação de Izabela foi vingança pessoal, uma atitude que afronta diretamente o Estado Democrático de Direito.
O significado e a ironia por trás do nome
O nome da operação carrega uma ironia simbólica. “Arur Betach”, expressão em hebraico que significa “maldito o que confia”, foi retirada de uma citação bíblica usada pela própria Izabela Paiva em uma publicação nas redes sociais, logo após o episódio do furto. O detalhe chamou a atenção dos investigadores e acabou inspirando o título da operação.
A ação contou com o apoio do Departamento de Polícia Especializada (DPE), reforçando o trabalho integrado das forças de segurança. Em nota, a Polícia Civil destacou o “comprometimento institucional no enfrentamento às organizações criminosas, atuando de forma técnica e permanente contra práticas que atentam contra a paz social”.
A influência perigosa das redes
O caso levanta um alerta sobre a crescente influência de figuras públicas em esquemas criminosos, especialmente em regiões amazônicas onde o crime organizado tenta ampliar seu poder de atuação. O envolvimento de uma influenciadora, acostumada à visibilidade digital, evidencia como a exposição nas redes pode se misturar a ambientes obscuros e até violentos.
As autoridades mantêm os detalhes sob sigilo judicial, mas a operação marca mais um capítulo na luta contra o avanço das facções em Rondônia.
Entre curtidas e seguidores, a fronteira entre fama e irresponsabilidade se torna cada vez mais tênue. O caso de Izabela Paiva é um lembrete amargo de que nenhum status digital está acima da lei e de que a justiça verdadeira nunca nasce da vingança, mas do respeito às regras que sustentam a própria sociedade.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/Instagram