A escritora, rapper e professora bíblica Jackie Hill Perry, indicada ao Grammy, anunciou seu retorno ao estúdio com o álbum “Blameless”, o primeiro trabalho completo desde 2018 e a estreia pela Reach Records, gravadora cristã de hip-hop sediada em Atlanta, fundada por Lecrae.
Com 16 faixas, o disco marca o fim de um hiato de seis anos e reflete sobre santificação, guerra espiritual, lamento e o processo de se tornar mais semelhante a Cristo. O álbum conta com participações de Project Pat, KB, Madison Ryann Ward, nobigdyl., Ahjah Walls e outros artistas, mesclando poesia falada e conteúdo teológico.
“Eu nunca parei de criar”, disse Jackie. “Mesmo quando não estava lançando músicas, eu continuava compondo, deixando Deus me refinar. Blameless é o som desse processo; é caótico, alegre, honesto e inegavelmente enraizado na verdade”.
A artista explicou que não havia planejado se afastar da música por tanto tempo. “Minha vida estava se expandindo”, afirmou. “Passei de casada com um filho, para dois, para três. O Senhor estava abrindo portas para que eu ensinasse a Sua Palavra, e eu sentia que Ele estava dizendo: ‘Só porque você pode fazer muitas coisas não significa que deva fazer tudo’. Então, escolhi o ensino bíblico”.
Durante o período fora dos palcos, Jackie lançou livros de destaque, como Garota Gay, Deus Bom e Santo, Santo, Santo. Ainda assim, confessou que sentia falta da música. “Lamentei não poder fazer música. Sou musical. Amo isso. Chorei por causa disso”.
O retorno começou de forma inesperada, durante uma atividade no ministério infantil de uma igreja, quando conheceu Ace Harris, da Reach Records. “Começamos a conversar sobre música e senti o Senhor me incentivando: ‘Pergunte a Ele se é hora de fazer música novamente’. E era. Então, segui a direção de Deus”, contou. “Orei, conversei com meu marido, conversei com meus líderes. Quando algo se alinha com o caráter e o propósito de Deus, é para lá que eu vou. Para mim, a música é apenas mais uma maneira de discipular pessoas”.
O título do álbum, “Blameless” (“Irrepreensível”), foi inspirado em Judas 1:24: “Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e para vos apresentar irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória”. Segundo ela, o versículo expressa tanto aspiração quanto dependência. “A impecabilidade é impossível sem Cristo”, disse. “O álbum não trata da perfeição sem pecado; trata-se do desejo de se parecer com Jesus mesmo quando você não se parece. É aquela tensão que todo crente sente, entre amar a Deus e perceber o quão longe ainda está da Sua imagem”.
A artista afirmou que boa parte do aprendizado espiritual veio por meio da dor. “O Senhor usa a poda, as provações, a traição e a calúnia para nos tornar mais semelhantes a Ele”, declarou. “Ele não vai te usar grandiosamente sem antes te quebrar. Se Ele não fizer isso, você se destruirá com orgulho. Aprendi isso da maneira mais difícil”.
Essas experiências aparecem em músicas como Pride & Prejudice, escrita após um episódio de difamação pública. “Eu me inspirei em Pedro, que disse que quando Jesus foi insultado, Ele não revidou”, afirmou. “O Senhor me disse para ficar em silêncio, para confiar Nele. Mas isso só torna a dor mais difícil. Pride & Prejudice foi a minha maneira de não ficar em silêncio, de processar o que aconteceu com honestidade”.
Ela acrescentou que a música reflete tanto confissão quanto autocrítica: “É orgulho, porque há um pouco de ego ali. Mas também é preconceito, as suposições que as pessoas fazem e depois santificam como verdade. Escrevê-la me lembrou que sou complexa, e que todos os outros também são”.
Cada faixa de “Blameless”, segundo a artista, representa um “cômodo” dentro da “Casa Blameless”, um espaço simbólico onde “fé e fracasso coexistem”. Hill Perry destacou que escolheu seus colaboradores “não apenas pelo talento, mas também pelo caráter”. “Não queria em Blameless pessoas que não vivessem de forma irrepreensível. Integridade era tão importante quanto talento artístico”.
Apesar da reaproximação com a música, Jackie afirmou que ainda é cautelosa em relação ao mercado secular. Para ela, seu retorno não é apenas artístico, mas espiritual: “Quando algo se alinha com o propósito de Deus, é para lá que eu vou. A música é apenas mais uma forma de discipulado”, concluiu, de acordo com o The Christian Post.









































