A Coreia do Sul vive mais um capítulo de escândalos envolvendo figuras políticas e religiosas. Han Hak-ja, de 82 anos, viúva do reverendo Moon Sun-myung e atual líder da Igreja da Unificação, foi presa nesta terça-feira (data local) em Seul, sob suspeita de participação em um esquema de suborno ligado à ex-primeira-dama Kim Keon Hee.
Segundo comunicado oficial, “o Tribunal do Distrito Central de Seul emitiu o mandado (de prisão) ao considerar que existe risco de manipulação de provas”. A prisão foi solicitada pela Promotoria após Han ser interrogada na segunda-feira sobre o envio de presentes de luxo em 2022, incluindo uma bolsa de grife e um colar de diamantes, supostamente para influenciar a então primeira-dama e favorecer seu marido, Yoon Suk Yeol, recém-eleito presidente à época.
Após a decisão judicial, Han foi levada ao Centro de Detenção de Seul. A igreja, em nota oficial, declarou: “Aceitamos humildemente a decisão do tribunal. Vamos cooperar sinceramente com a investigação em andamento e com os procedimentos judiciais para estabelecer a verdade, e faremos o possível para aproveitar esta oportunidade para restabelecer a confiança em nossa igreja. Pedimos desculpas profundamente por causar preocupação”.
Escândalo político em expansão
O caso não envolve apenas Han Hak-ja. A ex-primeira-dama Kim Keon Hee também foi presa e enfrenta acusações de suborno e manipulação do mercado de ações. Já seu marido, Yoon Suk Yeol, encontra-se detido e responde a julgamento por tentativa fracassada de decretar lei marcial em dezembro. Ele ainda é acusado de oferecer 100 milhões de wons (cerca de 72 mil dólares) a um parlamentar em troca de apoio político.
A Igreja da Unificação
Fundada em 1954 por Moon Sun-myung, que se autoproclamava a segunda vinda de Cristo, a Igreja da Unificação é uma das organizações religiosas mais polêmicas do mundo. Seus seguidores, muitas vezes chamados pejorativamente de “moonies”, espalharam-se por diversos países e estão ligados a uma ampla rede de negócios, incluindo mídia, turismo e indústria alimentícia.
Desde a morte de Moon, em 2012, Han Hak-ja assumiu a liderança do movimento, mantendo forte influência religiosa e política. No entanto, a igreja tem enfrentado críticas por sua estrutura de culto, seus métodos de captação de fiéis e sua proximidade com figuras políticas.
O caso atual, que mistura religião, política e acusações de corrupção, reacende o debate sobre o poder de instituições religiosas no cenário sul-coreano e deve ter desdobramentos nos próximos meses.
Folha Gospel com informações de O Globo